Publicado em 31/03/2020 às 13h45.

Riachão, o cronista musical da Bahia, segundo Edil Pacheco

Diz Edil que Riachão era um comunicador especial, um cronista musical, que pegava fatos do dia a dia e transformava em música

Levi Vasconcelos
Foto: Tiago Cruz/bahiaba
Foto: Tiago Cruz/bahiaba

 

Bem que Riachão queria mais. No último carnaval, aos 98 anos, assistindo à Mudança do Garcia, o Circuito Riachão, no bairro homônimo, onde nasceu e se criou, ele dizia sobre a expectativa de chegar aos 100 anos.

— Vou chegar lá. Eu vou chegar, vou chegar!

Não chegou. Nem por isso deva se lamentar. Figura bonita, sempre de bem com a vida, partiu deixando uma legião de amigos muito sentidos, mas orgulhosos, como o cantor e compositor Edil Pacheco, que fez um de seus primeiros shows junto de Riachão e Batatinha.

O grilo

Diz Edil Pacheco que Riachão, o amigo que ontem se foi, era um comunicador especial, um cronista musical, que pegava fatos do dia a dia e transformava em música.

— Foi assim que nasceram A bochechuda, Cada macaco no seu galho. Ele veio do rádio, tinha o único programa de auditório na Rádio Sociedade, era amigo de Jota Luna.

Conta Edil que, no começo da carreira, Riachão foi ao Rio fazer um show ao lado de Paulo Lima para o seu primeiro disco. Roberto Menescal passou-lhe a missão de avaliar a gravação. Não gostou, o som estava ruim, submeteu a Paulinho da Viola. O mesmo diagnóstico:

— Gravamos no Teatro Vila Velha. Salvador não tinha estúdio. Então passava um carro, a gente parava e começava tudo de novo. Lá um dia apareceu um grilo. Foi um horror.

Diz que no frigir dos ovos, Riachão deixou o melhor dos recados. Sem grilos.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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