Publicado em 17/03/2016 às 11h47.

Rui compara Lava Jato a EI: ‘grampeia hoje, amanhã manda matar’

Governador da Bahia atacou a força-tarefa, em especial o juiz Sérgio Moro: “Espero que as pessoas sejam discretas e não usem crachá de partido politico”

Evilasio Junior
Foto: Rodrigo Aguiar/bahia.ba
Foto: Rodrigo Aguiar/bahia.ba

 

Indicado por Jaques Wagner, que entregou o Ministério da Casa Civil para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador Rui Costa se negou a falar sobre o conteúdo vazado pelo juiz Sérgio Moro, que revela conversas do petista com a atual mandatária, Dilma Rousseff, mas comparou a atuação da força-tarefa da Operação Lava Jato ao Estado Islâmico.

“Isso é um estado policial, ilegal. O Estado tem que ser cumpridor da lei em qualquer país. O Estado Islâmico hoje decapita a cabeça das pessoas e diz que faz justiça. Eles estão convencidos de que estão fazendo justiça decapitando a cabeça das pessoas. Do mesmo jeito que alguns estão convencidos que estão fazendo justiça agindo ilegalmente e rasgando a Constituição do nosso país. […] Do mesmo jeito que grampeia hoje, amanhã manda matar sem saber quem foi que matou”, disse o chefe do Executivo baiano, nesta quinta-feira (17), durante a solenidade de formatura do curso de soldados da PM, na Vila Policial Militar, no bairro do Bonfim, em Salvador.

As intervenções telefônicas entre Lula e Dilma supostamente comprovariam crimes de obstrução à Justiça, tráfico de influência, responsabilidade e favorecimento pessoal, já que a concessão de foro privilegiado a Lula seria uma manobra para livrá-lo das investigações da Operação Lava Jato que o acusam de ter sido beneficiado com recursos desviados da Petrobras.

Perguntado pelo bahia.ba sobre o caso, o chefe do Executivo baiano repetiu o discurso do PT de que o magistrado integra uma “conspiração” para tirar a legenda do poder e chamou a publicidade dos grampos de “escárnio da sociedade”. “Eu não vou comentar conteúdo obtido ilegalmente. Espero que as pessoas sejam discretas e não usem crachá de partido politico”, acusou. Indagado novamente sobre o conteúdo revelado nas conversas interceptadas, e não se o vazamento seria ilegal ou não, o petista tergiversou e argumentou que Moro não tinha autorização para gravar “presidente e ministro” e disse que, em vez de encaminhar o conteúdo ao Supremo Tribunal Federal, o juiz “mandou para a Globo”. “Não podemos compactuar com isso. Isso é o primeiro passo para o abismo. Não quero revolta social com consequências imprevisíveis. Peço serenidade e responsabilidade das autoridades jurídicas do nosso país”, declarou.

Especificamente sobre a ida de Lula para a Casa Civil, Rui afirmou que o ex-presidente “resistiu muito” em aceitar o convite e será um reforço para o governo Dilma: “Era a única pessoa capaz de redefinir o rumo da economia e da política para o país voltar a crescer”.

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