Publicado em 03/06/2016 às 07h00.

Temer diz que Presidência é ‘quase uma provação’

Em relação a recuos de seu governo, como a recriação do Ministério da Cultura após protestos, presidente interino disse que "só os autoritários não recuam"

João Brandão
Foto Dida Sampaio/ Estadão Conteúdo
Foto Dida Sampaio/ Estadão Conteúdo

 

O presidente em exercício, Michel Temer, afirmou que ocupar o cargo “é quase uma provação”, mas destacou que vai conseguir atravessar esse período. “É quase uma provação, mas é uma provação com bons objetivos. Vou atravessar esse período da provação, tenho absoluta certeza”, disse, em entrevista ao Jornal do SBT.

Questionado sobre a composição de seu governo e se garante que mais ministros serão demitidos se forem envolvidos em esquemas de corrupção, Temer disse que já há jurisprudência de sua parte em relação a isso. “Se houver incriminação, o próprio ministro tomara a providência (de sair)”, disse. “Há uma jurisprudência firmada na minha administração”

Temer – que teve duas baixas em seu governo, com a queda de Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência) – , rechaçou as críticas de que demorou para tomar decisão de afastar flagrados em conversas com o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, supostamente tentando interferir na Operação Lava Jato. “O fato aconteceu as 11 horas e no dia seguinte o ministro saiu. Como demorou? Não existe isso”, afirmou, citando o caso de Silveira, revelado no último domingo pelo “Fantástico”.

Em relação a recuos de seu governo, como a recriação do Ministério da Cultura após protestos, Temer disse que “só os autoritários não recuam”. Apesar disso, ele salientou que neste caso há um caráter político nos protestos. “Tanto que eu recuperei o ministério e os prédios continuam ocupados”, afirmou

Carta – O presidente em exercício lembrou o episódio da carta que enviou a então presidente Dilma Rousseff, em que ele reclamava de ser um “vice decorativo”. Segundo ele, houve ingenuidade de sua parte em escrever as críticas a presidente e que ele deveria ter conversado para evitar o vazamento.

“Mandei uma carta de natureza muito pessoal, registrei que era confidencial. Quando cheguei em Brasília a carta já tinha sido divulgada”, disse. Temer afirmou que não acredita que foi Dilma quem vazou a carta e disse que não seria nem possível que fosse ele o responsável pela divulgação. “É um assunto superado. Não me arrependo, critico minha ingenuidade de ter escrito. Devia ter verbalizado.”

Temer citou ainda sua passagem pela articulação política do governo Dilma, salientou que o PMDB não participava da formulação das políticas públicas e havia dificuldade de relação entre executivo e legislativo. Segundo ele, compromissos de natureza governamental não foram cumpridos. “Me afastei para não gastar todo o potencial político e a credibilidade política que eu tinha junto ao Parlamento”, afirmou.

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