Publicado em 03/06/2016 às 09h18.

Temer: maldades para a maioria, bondades para alguns. Que Brasil é este?

Parece que temos dois Brasis. O primeiro é do desemprego a galope. O segundo, o eldorado

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“A questão não é ter problema, mas a forma como reagir a eles”.

Roberto Setúbal, presidente do Banco Itaú

(Foto: ASCOM/VPR).

 

Dá para entender o Governo Michel Temer?Anuncia um rombo de R$ 170 bilhões e, em nome dele, insinuou a redução de verbas do SUS, da educação e até acenou (o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda) com a possibilidade de reabilitar a CPMF, adiante, se houver necessidade.

E assim, sem mais e nem menos, aprova o reajuste do servidor público que vai custar mais R$ 50 bilhões.

Parece que temos dois Brasis. O primeiro é do desemprego a galope, angústias para pagar contas mínimas, como água e luz, fruto de uma recessão que só se agrava.

O segundo, o eldorado. Com todo respeito aos servidores públicos, dessa forma fica parecendo uma chicana com os sofredores.

E Temer não viu isso?

Das duas uma: ou atesta a incompetência ou está governando para a minoria, ambas as opções, um tiro no pé.

Brilhante 1

As cinco representações que aliados de Eduardo Cunha protocolaram na Comissão de Ética da Câmara contra o presidente, José Carlos Araújo (PR), tem o DNA das intrigas da política de Morro do Chapéu.

Lá, Zé Carlos é dono da rádio Brilhante FM, a mais ouvida da Chapada Diamantina.

E bate sem piedade nos adversários.

Brilhante 2

Em abril último, o prefeito Cleová Barreto (PSD) e o presidente da Câmara, José Humberto Batista, pongaram no affair com Eduardo Cunha e representaram na Câmara dos Deputados contra Zé Carlos.

Zé Carlos diz que o prefeito é corrupto e Humberto, suspeito de crime de mando.

Se é que o é, uma coisa não justifica outra.

Brilhante 3

Aliás, no interior o uso político ostensivo de rádios é corriqueiro. Fica uma disputa extremamente desleal, em favor do dono da rádio.

É como se no interior tivéssemos o paleolítico, uma versão cavernosa, da manipulação midiática que vemos em nível nacional.

(Foto: Divulgação).

 

Mácula no Orobó

Ao ser abordado sobre a Operação Orobó, que a PF desfechou ontem contra o prefeito de Ruy Barbosa, José Bonifácio (PT), acusado de desvios no Fundeb, o senador Otto Alencar (PSD), filho da terra e figura mais influente na política local, se disse triste:

— Nunca houve isso em Ruy Barbosa. Outros prefeitos, se não fizeram tudo que o município precisa, não chegaram a tanto.

Otto disse que até a Serra do Orobó, o marco natural da cidade, foi maculada.

Lins na Funarte

Artistas e intelectuais baianos e paulistas estão empenhados em emplacar o poeta Antônio Lins na Funarte. Geddel, que é o maestro das nomeações neste início da era Temer, diz que tem muita gente interessada no cargo.

Mas a torcida baiana une a dupla Ba-Vi.

Túnel do tempo

A Suíça inaugurou anteontem o Gotthard Tunnel, com uma extensão de 152 quilômetros, sob os Alpes, ligando Zurique a Lugano. Impressiona no caso não é a extensão e sim o espírito da coisa. Custou US$ 12 bilhões, levou 17 anos para ficar pronto. Dentro do preço e do prazo.

Comparando a obra com as nossas, nos sentimos humilhados.

A Fiol, por exemplo. O trecho Ilhéus-Caetité, com 517 km, foi lançado por Lula em 2010 para ficar pronta no fim de 2012 ao preço de R$ 5,4 bilhões.

Está entregue às traças desde 2015, quando já tinha custo estimado de R$ 7,1 bilhões e vai ficar pronta sabe lá Deus quando.

(Foto: Reprodução/Facebook).

 

Recado dado

Francisco Zavascki, filho do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, usou sua conta no Face para dizer que a ação do pai está colocando a família em perigo:

— É óbvio que há movimentos para frear a Lava Jato. Penso que é até infantil imaginar que não há. Isto é, que criminosos do pior tipo (conforme o MPF afirma) resolveram se submeter à lei. Acredito que a lei e as instituições vão vencer. Porém, alerto: se algo acontecer com alguém da minha família, vocês já sabem onde procurar…! Fica o recado.

 

Duelo em Alagoinhas

Sonia Fontes (PSB), até anteontem secretária da Infraestrutura de Alagoinhas, se afastou do cargo. Está consagrada candidata a prefeito do prefeito Paulo Cézar (PDT). Só falta carimbar.

Além dela, Alagoinhas tem Joaquim Neto (DEM), apoiado por ACM Neto, Joseildo Ramos (PT), e Radiovaldo Costa (Rede). Sonia e Joaquim dividem um campo, Joseildo e Radiovaldo outro. Lá, este ano, a disputa vai ser trincada.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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