Publicado em 31/05/2016 às 08h47.

Temer vacila. Só tinha uma opção, demitir Silveira. E com isso se melou.

Fabiano não tem a notoriedade de Jucá e Temer até tentou segurá-lo. Algo impossível. O caso de Silveira é emblemático

Levi Vasconcelos

Frase da vez

”Os acontecimentos políticos humilham e desabonam mais a sabedoria humana que quaisquer outros eventos deste mundo”

Marquês de Maricá, escritor, filósofo e político brasileiro (1773-1848)

Fabiano da Silveira (Foto: Divulgação/CNMP).

 

Dada a escassez de atores políticos acima de qualquer suspeita num jogo podre como é o brasileiro, até entende-se que Michel Temer (e qualquer um que lá estivesse) escolha auxiliares com algum tipo de suspeição.

Mas tem casos que não dá. Como o de Romero Jucá, figura notável no Congresso. E agora o de Fabiano da Silveira, da CGU.

Fabiano não tem a notoriedade de Jucá e Temer até tentou segurá-lo. Algo impossível. O caso de Silveira é emblemático (daí a forte reação interna). Como pode a autoridade que deve lutar para desnudar a podridão no trato da coisa pública, andar criticando quem assim procede (a Lava Jato) e ensinando (Renan Calheiros) a jogar a sujeira para debaixo do tapete?

Ora, Temer, que já foi criticado por extinguir a CGU, entendeu que as conversas de Fabiano Silveira ‘não comprometiam’.

Aí, o próprio entra na berlinda: é ingenuidade ou conivência, se rigorosamente todos, inclusos os aliados, diziam que mantê-lo seria carimbar a indecência?

Traidor do bem

Sérgio Machado, o homem da Transpetro que andou gravando os figurões da República, é tido em Brasília como ‘um grande canalha’.

Locupletou-se do esquema e agora sai gravando quem o apoiava e protegia, para os quais se apresentava como amigo.

Traiu, vá lá. E com isso quis apenas livrar a própria pele. Mas que prestou um grande serviço, sem dúvida. O de dar nomes aos bois.

Na imagem, Neto aparece acompanhado do secretário da Educação, Guilherme Bellintani (DEM), um dos cotados à vaga de vice (Foto: Reprodução/Facebook).

 

Os vices de Neto

Vão deixar o secretariado de ACM Neto amanhã, por serem potenciais candidatos a vice, Bruno Reis do PMDB (Desenvolvimento Social), Luiz Carreira, do PV (Casa Civil), Guilherme Bellintani, do DEM (Educação), Fábio Mota, do PMDB (Mobilidade), e João Roma, do PRB (chefe de gabinete).

Destes, um será o vice.

Regras do jogo

O jogo posto é o seguinte: se Neto puder fazer um só por vontade pessoal, o mais cotado é Luiz Carreira.

Se tiver que ceder ao PMDB de Geddel, o mais forte é Bruno Reis, que resolve os dois lados, o dele e o de Geddel.

Otto Alencar (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado).
Otto Alencar (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado).

 

Desilusão

Acostumado com a vida na província baiana, onde foi deputado estadual, vice-governador, governador interino e conselheiro interino, o senador Otto Alencar (PSD) confessa-se decepcionado com o que vê em Brasília, onde está pela primeira vez, já na condição de senador, o topo dos mandatos parlamentares:

— Confesso que nestes 15 meses que estou em Brasília vivo desapontado. O que tenho visto é mais partidarismo e menos patriotismo.

E Almiro?

No embalo das discussões sobre estupros, o deputado Carlos Geilson lembrou que na Bahia, de 2012 a 2015, foram registrados 11.929 casos de estupros. E citou os dois mais famosos:

1 — O da banda News Hits, em 2012, em Ruy Barbosa. Os acusados foram condenados a 11 anos de prisão, mas estão soltos.

2 — O do promotor Almiro Sena, acusado de assediar servidoras em 2014, quando era Secretário da Justiça, e que até hoje também está impune.

Voo federal

Renato Almeida, que em dezembro pediu demissão da Secretaria de Finanças de Alagoinhas com a pretensão de disputar a prefeitura de lá, está indo para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o setor do Ministério da Educação que cuida dos 38 hospitais universitários do Brasil.

Tem a bênção do deputado Paulo Azi (DEM).

(Foto: Ascom/Divulgação).

 

Seca inclemente

Heraldo Rocha, ex-deputado e vice-presidente estadual do DEM, resolveu dar um giro pelo interior no feriadão e voltou estarrecido com o que viu no sudoeste baiano.

A região, diz ele, sofre uma seca sem precedentes. No périplo que fez por Itororó, Itapetinga, Macarani, Maiquinique, Potiraguá e Conquista, só ouviu queixas de falta de água.

Em Itororó, o abastecimento é com carros-pipa; em Conquista há racionamento; e em Itapetinga, onde a pecuária sempre foi forte, o gado já começou a morrer.

O cenário é desolador.

Barrados na burocracia

A Comissão de Agricultura da Assembleia vai discutir hoje pela manhã as linhas de crédito do Banco do Brasil e da Caixa Econômica para a agricultura, travadas por recomendação dos Ministérios Público Federal e Estadual, que exigem licença ambiental do Ibama para as propriedades rurais.

O deputado Roberto Carlos (PDT), que preside a Comissão, tenta, junto com o colega Eduardo Salles (PP), produzir um acordo que obedeça a lei estadual, segundo a qual as áreas já antropizadas (usadas) dispensem a licença.

 

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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