Publicado em 13/04/2016 às 11h20.

Alunos da Ufba criam campanha para denunciar violência

O recolhimento das informações faz parte da campanha "Professor Não é Dono de Aluno"; Reclamações podem ser registradas por meio de questionário digital até o dia 29

Redação
Foto: Divulgação
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Alunos da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que foram vítimas de violência de raça, gênero e geração dentro da instituição, têm até o dia 29 para denunciar, por meio de questionário digital, tanto os casos de abuso quanto os agressores. Em menos de três meses, no mínimo três episódios de assédio moral e racismo aconteceram na insitituição.

O recolhimento das informações faz parte da campanha “Professor Não é Dono de Aluno”, criada pelos integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufba, que tem o objetivo de elaborar um documento com relatos de autoritarismo docente para, posteriormente, ser entregue à ouvidoria da universidade. No questionário, as vítimas podem indicar o agressor e local da ocorrência sem que seja necessário se identificar.

De acordo com informações do jornal A Tarde, o canal começou a receber depoimentos no dia 30 de março e, até esta terça-feira (12), já havia reunido cerca de 200. Segundo a coordenadora-geral do DCE, Lorena Pacheco, a finalidade da plataforma é que, a partir da coleta de dados, seja formulada uma espécie de dossiê, que será enviado também ao Ministério da Educação.

“A ideia é alertar a comunidade acadêmica e informar que os casos de violência e desrespeito, que acontecem na universidade, não são pontuais. É preciso que todos conheçam a forma como vem sendo exercida a docência dentro da Ufba”, afirmou.

Com as denúncias, a campanha visa criar uma comissão permanente de apuração para que os acusados, caso seja confirmado o envolvimento, sejam devidamente punidos. Além disso, o DCE pretende traçar um perfil dos agressores e das vítimas de desrespeito.

Os alunos aprovaram a iniciativa. “É importante que os professores saibam que a sala de aula é lugar da desconstrução, e combater as diversas formas de preconceito só melhora o ensino”, afirmou ao jornal A Tarde o estudante do bacharelado interdisciplinar em Humanidades, Ícaro Santana, 18 anos.

Segundo Lorena Pacheco, o DCE, antes mesmo da coleta final das denúncias, já consegue apontar algumas características dos lados envolvidos. Na maioria dos casos coletados até então, os agressores são homens, de cor branca e com alta graduação. As vítimas, por sua vez, são em grande parte alunos negros ou cotistas e mulheres.

“Atitudes agressivas como essas afastam as minorias que tanto lutaram para alcançar um espaço na universidade”, disse a coordenadora do DCE.

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