Publicado em 10/01/2016 às 12h48.

Ilha de Bom Jesus dos Passos: o paraíso pede socorro

Moradores e veranistas reclamam do descaso dos poderes públicos para solucionar problemas que se acumulam na ilha

Ivana Braga
Descaso na praça (Foto Cristina Lourenço)
Descaso na praça (Foto: Cristina Figueiredo)

Moradores e veranistas da ilha de Bom Jesus dos Passos, na Baía de Todos os Santos, reclamam do descaso dos poderes públicos para com a localidade, onde os problemas vêm se acumulando, causando não apenas transtornos, mas também risco à comunidade. Irregularidade no fornecimento de água, animais doentes perambulando pelas ruas, árvores prestes a cair, coletor de lixo em plena praça, onde também foram instalados as caixas de esgoto, são alguns dos motivos de queixas da população local.

A Praça Comendador Neiva, principal de Bom Jesus, fica localizada logo na entrada da ilha, atrás da igreja. Apesar de ser o cartão de visita da localidade, também é o retrato da falta de atenção e planejamento dos órgãos públicos. Esse foi, por exemplo, o local escolhido pela Empresa Baiana de Saneamento (Embasa) para instalar duas caixas coletoras de esgoto. Se não bastasse esse inconveniente, que gera preocupação diante da possibilidade de estourar e espalhar dejetos por toda a praça, o que já aconteceu com um outro coletor da ilha, tem ainda o fato de terem sido implantados acima do nível da rua, causando um impacto visual negativo às pessoas.

Apesar de não conhecer o projeto, que resultou na instalação das caixas, o engenheiro César Braga, 55, antigo frequentador da ilha, onde nasceu e viveu toda a família do seu pai, acredita que faltou bom senso da Embasa na escolha do local para abrigar as caixas de esgoto. “Não conheço o projeto, mas é bem provável que esses coletores poderiam ter sido instaladas em local mais apropriado, sem prejuízo técnico ou financeiro”, diz, considerando que a instalação na principal praça, e ainda de forma elevada, mostra falta de planejamento técnico.

A empresária Cristina Figueiredo, antiga frequentadora da ilha, conta que o fornecimento de água é um dos principais problemas de Bom Jesus. Segundo seu relato, a água só jorra nas torneiras das casas em um período de apenas dez dias ao longo de todo o mês, o que representa um grande transtorno para a população.

Coreto está abandonado (Foto: Cristina Lourenço)
Coreto está abandonado (Foto: Cristina Figueiredo)

Coreto está abandonado – Outro problema apontado por Cristina é o abandono do coreto existente na praça, antes palco de muitas histórias, apresentações dos músicos da Filarmônica União dos Artistas, brincadeiras das crianças, namoros, abrigo do carro do caboclo e da cabocla no desfile do 2 de Julho, data comemorativa da Independência da Bahia.

Da histórica construção, destruída pela ação do tempo e abandono dos órgãos públicos, restou apenas o piso, hoje alvo de preocupação, já que fios elétricos expostos podem causar um grave acidente, pondo em risco a vida principalmente das crianças que costumam brincar no local “Não deixo Guilherme brincar lá. Estou vendo a hora de acontecer uma tragédia”, diz Cristina Figueiredo, referindo-se ao neto de oito anos.

Cães precisam de cuidados (Foto cristina Lourenço)
Cães precisam de cuidados (Foto: Cristina Figueiredo)

Cães precisam de ajuda – Os cães doentes que perambulam pelas ruas da ilha sem qualquer cuidado, muitos dos quais agressivos, com grandes feridas expostas, é outra preocupação dos moradores. “A gente nem sabe se esses animais foram vacinados. Quem tem cachorro de estimação nem sai de casa com eles, pois corre o risco de serem atacados por esses cães abandonados que circulam pelas ruas”, relata Cristina, apontando ainda as árvores que estão morrendo, ameaçando cair sobre casas ou pessoas.

barracas favelizam o local (Foto Cristina Lourenço)
barracas favelizam o local (Foto: Reprodução Facebook)

Redes sociais – O último episódio vivenciado pelos moradores e frequentadores da ilha, que encerra, neste final de semana, os festejos em homenagem a Bom Jesus dos Passos, é o reflexo do descaso das autoridades. Durante o período de festa, ambulantes ocuparam de forma desordenada a praça, com tabuleiros, isopores e barracas de plastico, causando reclamação geral, já que dormiam, tomavam banho, lavavam suas roupas que eram estendidas no muro da igreja, e faziam suas necessidades em plena rua.

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O fato foi parar nas redes sociais, gerando uma grande polêmica e cobrança da prefeitura, que deveria ser a responsável pelo ordenamento dos ambulantes. Depois de muitas denúncias, a polícia terminou entrando em ação e retirando os ambulantes, o que teria sido feito de forma violenta, gerando nova polêmica e até ameaças aos defensores da desocupação.

Outro lado – A reportagem do bahia.ba não conseguiu contato com a Embasa para ouvir sobre as reclamações pertinentes à empresa. Com relação à ocupação desordenada da praça por ambulantes, procurada, a Secretaria de Ordem Público ficou de apurar a responsabilidade do órgão e retornar o mais rápido possível.

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