Hipertensão: o mal silencioso que avança na Bahia
Especialistas alertam para o aumento dos casos e riscos invisíveis

Silenciosa, persistente e cada vez mais comum entre os baianos, a hipertensão arterial é uma ameaça crescente à saúde pública. No Dia Mundial de Combate à Hipertensão, celebrado neste 26 de abril, especialistas fazem um alerta urgente: é preciso reforçar a conscientização, ampliar o diagnóstico precoce e garantir o acompanhamento contínuo para evitar complicações graves, como infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
A chamada “pressão alta” já afeta mais de um terço da população adulta no Brasil e pode se instalar no organismo sem manifestar sintomas perceptíveis. “Chamamos a hipertensão de inimigo silencioso porque, na maioria das vezes, ela não dá sinais até causar danos mais graves. Muitos só descobrem que são hipertensos diante de uma emergência”, afirma a cardiologista Marianna Andrade, coordenadora da Cardiologia do Hospital Mater Dei Salvador (HDMS).
Dados do Ministério da Saúde mostram que 33,4% da população adulta brasileira vive com hipertensão, número que representa cerca de 36 milhões de pessoas. Na Bahia, estima-se que quase 40% dos adultos entre 40 e 65 anos sejam hipertensos — em grande parte sem diagnóstico ou acompanhamento regular. Entre os idosos, a prevalência ultrapassa 61%.
A ausência de sintomas evidentes é um dos principais obstáculos no controle da doença. “O que mais nos preocupa é o abandono do tratamento. Muitas pessoas iniciam o uso de medicação, mas ao se sentirem melhor, interrompem por conta própria. É fundamental manter o controle mesmo quando não há sintomas”, reforça Marianna.
Em Salvador, o cotidiano estressante, o sedentarismo e os maus hábitos alimentares favorecem o avanço da hipertensão, inclusive entre adultos jovens. De acordo com a cardiologista, o HDMS tem registrado aumento nos atendimentos a pacientes abaixo dos 40 anos com pressão arterial elevada.
Além da pressão elevada, Marianna alerta que é preciso considerar outros fatores na avaliação do risco cardiovascular, como o uso de bebidas alcoólicas, tabagismo, sedentarismo, sobrecarga de trabalho, estresse emocional, diabetes, doença renal crônica e dislipidemia. “A hipertensão arterial, na maioria das vezes, é assintomática, sendo desafiadora na identificação e na adesão do paciente ao tratamento. Mas, para tratá-la, é imprescindível que haja uma mudança de estilo de vida e uso de medicamentos”, destaca.
Ela também chama atenção para a chamada hipertensão secundária — que pode surgir como consequência de doenças subjacentes, como problemas renais, distúrbios da tireoide ou disfunções das glândulas suprarrenais. Esses casos requerem diagnóstico clínico e tratamento específico, voltado à causa primária da elevação da pressão arterial.
A Organização Mundial da Saúde estima que a hipertensão seja responsável por cerca de 10 milhões de mortes por ano. No Brasil, aproximadamente metade das mortes por doenças cardiovasculares está ligada direta ou indiretamente à condição. “A prevenção e o controle da pressão arterial devem ser prioridade em todas as idades. Mudanças simples na rotina, como reduzir o consumo de sal, praticar atividades físicas e fazer acompanhamento médico regular, fazem toda a diferença”, conclui Marianna.
Mais notícias
-
Saúde e Bem Estar
14h59 de 21/05/2025
HIV/Aids: Bahia registra queda na taxa de detecção; mulheres heterossexuais são as mais expostas
Em 2023, Bahia contabilizou 2.665 novos casos de HIV ─ 5,7% do total no país
-
Saúde e Bem Estar
11h54 de 20/05/2025
Vacina brasileira contra a Covid-19 está na fase final de testes, diz UFMG
O medicamento é desenvolvido com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)
-
Saúde e Bem Estar
10h46 de 20/05/2025
OMS aprova acordo global de prevenção à pandemias após três anos de negociações
A adesão do texto foi anunciada em Genebra, durante a reunião anual da agência
-
Saúde e Bem Estar
14h02 de 19/05/2025
‘Maio de Práticas Integrativas’: Saúde da mulher é pauta de palestras nesta segunda (19)
Eventos ocorrem no município de Camaçari até o dia 28 de maio
-
Saúde e Bem Estar
17h30 de 17/05/2025
SUS aplica pela primeira vez remédio de R$ 7 milhões em bebês com AME
Tratamento foi incorporado ao SUS em março deste ano por meio de um Acordo de Compartilhamento de Risco com a farmacêutica responsável
-
Saúde e Bem Estar
16h30 de 17/05/2025
Hipertensão afeta 30% dos adultos no Brasil e mata 388 pessoas por dia
Entre pessoas com mais de 60 anos, a prevalência chega a 60%
-
Saúde e Bem Estar
18h40 de 16/05/2025
Salvador oferece inserção gratuita de DIU em 27 unidades de saúde; saiba quais
Postos também realizam acompanhamentos contínuos através de consultas de avaliações e revisões
-
Saúde e Bem Estar
12h01 de 16/05/2025
Venda de tadalafila cresce 20 vezes em 10 anos e bate recorde no Brasil, diz levantamento
Uso do medicamento para disfunção erétil é impulsionado por redes sociais e pressão por desempenho sexual, apontam especialistas
-
Saúde e Bem Estar
20h22 de 15/05/2025
Gripe é principal causa de mortes por SRAG em idosos, alerta Fiocruz
Doença também aparece entre as três principais causas de óbitos por SRAG em crianças
-
Saúde e Bem Estar
15h52 de 15/05/2025
SUS: Comissão do Ministério da Saúde decide não incluir novos remédios para obesidade
Os medicamentos servem para tratamento da obesidade