Publicado em 18/02/2025 às 14h31.

Medicamentos devem ficar 3,7% mais caros em 2025, projetam analistas

Os analistas atualizaram suas estimativas após a Anvisa atualizar dados do Fator Y

Redação
Foto: Marcello Casal JR/Agência Brasil

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma nota técnica revelando que o Fator Y, um dos componentes para o cálculo do reajuste anual dos preços dos medicamentos no país, será zero para os anos de 2025 e 2026.

Segundo matéria da Folha de São Paulo, para decidir sobre o tamanho dos reajustes, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) usa a fórmula IPCA – Fator X + Fator Y + Fator Z. A decisão sobre o reajuste deve ser anunciada até o final de março.

O Fator X, que mensura a produtividade da indústria farmacêutica no país, foi definido pela CMED no mês passado em 2,459% para o período de julho de 2024 a junho de 2025. O Fator Y, conforme a nota técnica da Anvisa, é definido como o ajuste de preços entre o setor farmacêutico e os demais setores da economia, calculado com base nos custos não recuperados pelo IPCA. Já o Fator Z, se trata de um ajusto de preços relativos intrassetores.

Este ajuste, como detalha a agência, permite minimizar o impacto desses custos que não são captados diretamente no cálculo do índice de inflação e que possuem impacto relevante sobre a estrutura de custo da indústria farmacêutica.

Analistas do Itaú BBA afirmam que o Fator Y está dentro das expectativas, mas abaixo do que veem como esperado pelo mercado, onde a estimativa estava em torno de 1%. A partir dos fatores já publicados, eles calculam que o reajuste final dos medicamentos deve ficar em torno de 3,7%.

“Para a Hypera, estimamos que menos de 40% das receitas da empresa estão expostas ao aumento de preços da CMED”, acrescentaram Vinicius Figueiredo e equipe em relatório enviado a clientes na segunda-feira (17). “Dessa forma, há espaço para a empresa compensar esse efeito aumentando os preços no restante de seus produtos não regulados por preços”, completou.

O também analista do Itaú BBA, Rodrigo Gastim, pontua os potenciais efeitos negativos de um reajuste abaixo da inflação sobre as drogarias, destacando que contrasta com os últimos dois anos, quando os ajustes estavam virtualmente em linha com o IPCA.

“Tal cenário pode prejudicar a capacidade das farmácias de entregar alavancagem operacional, particularmente no segundo semestre de 2025, pois esperamos que a inflação acelere ao longo do ano”, afirmaram os analistas, em relatório separado.

Com a definição do fator Y, os analistas do Itaú BBA reduziram a previsão para o lucro líquido da RD Saúde em 7% para 2025, e 8% em 2026. A alteração levou em consideração também outras premissas.

Gastim e sua equipe ainda chamam atenção para outra medida que impacta os preços, e que ocorrerá simultaneamente neste ano: a resolução que reduz os preços máximos dos medicamentos para refletir uma diminuição de carga tributária ocorrida anos atrás —ou seja, a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins.

Isso, na visão dos analistas, pode levar a uma redução de preços ao consumidor de até 2,59%, dependendo da carga tributária específica de cada produto.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.