Publicado em 04/03/2021 às 11h47.

16 vacinas em estudo no Brasil estão em atraso por falta de recursos e estrutura

Só na USP há sete projetos em andamento; os três imunizantes aprovadas até agora para uso no país têm origem estrangeira

Redação
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

 

Um relatório do Ministério da Saúde mostra que o Brasil tem 16 imunizantes em fase pré-clínica de desenvolvimento. Trata-se de uma etapa ainda inicial, que indica uma dificuldade para que alguma destas vacinas possa ser aplicada ainda em 2021.

Em entrevista à CNN Brasil, o imunologista Eduardo Nolasco apontou que, além dos próprios prazos do processo de desenvolvimento, o país enfrenta o obstáculo estrutural: as fábricas de vacina existentes em território nacional estão comprometidas com as produções da Coronavac e da vacina de Oxford.

“É bem provável que essa vacina brasileira tenha que esperar porque a gente não tem outro local para fazer esse desenvolvimento e realizar o teste em humanos”, afirmou.

Nolasco diz que o ensaio clínico em humanos possa começar no segundo semestre deste ano. Para que isso aconteça, no entanto, será necessário um investimento por parte do governo federal ou da iniciativa privada.

As três vacinas contra a Covid-19 aprovadas até o momento para uso no Brasil têm origem estrangeira. O imunizante mais recente a conseguir o sinal verde foi o produzido pela americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech. As empresas ainda não fecharam um contrato de venda para o país.

As outras duas são a Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, e o imunizante da AstraZeneca, produzido pela Universidade de Oxford em parceria com a multinacional inglesa. Ambas já estão sendo utilizadas em uso emergencial autorizado pela Anvisa e em parceria com entidades brasileiras, o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), respectivamente.

Projetos brasileiros

De acordo com a reportagem da CNN, a Universidade de São Paulo (USP) é a instituição que tem mais imunizantes em desenvolvimento. Segundo um artigo publicado neste mês, a USP tem sete projetos em andamento.

O imunizante nanoparticulado, estudado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto em parceria com a Farmacore Biotecnologia Ltda e a empresa Americana PDS Biotechnology, está em fase avançada.

De acordo com a presidente da Farmacore, Helena Faccioli, o projeto está na fase final de estudos pré-clínicos (segurança e eficácia em animais) e redação do dossiê para submissão à Anvisa.

“A previsão é que os estudos clínicos tenham início em maio deste ano. Os resultados obtidos demonstram que a vacina é eficaz, segura, e está pronta para avançar para a fase clínica com segurança e baixo risco tecnológico”, afirma.

 

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também desenvolve uma vacina que está atualmente na fase de testes pré-clínicos, na qual são realizados testes em animais. A partir dos resultados desses testes, a equipe do CT-Vacinas solicitará à Anvisa a licença para iniciar os testes clínicos em humanos até ao final de 2021.

No momento, os testes de imunogenicidade, ou seja, os testes para verificar a capacidade que a vacina tem de gerar resposta imune, foram completos. Agora, se iniciam os ensaios de proteção. Vencendo esta etapa, o imunizante entra na etapa de segurança.

De acordo com a UFMG, caso os testes sejam finalizados de forma satisfatória no próximo ano, existe a possibilidade de a vacina ser aprovada ao final de 2022.

“Embora as atividades já estejam em andamento desde o início da pandemia, o desenvolvimento de uma vacina leva tempo. Em situações de calamidade pública, como a atual, em que as decisões relacionadas a financiamento são mais céleres, é possível chegar a resultados em torno de dois anos a três anos”, diz a nota enviada à CNN.

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