Publicado em 13/05/2020 às 11h06.

Apesar de alerta de Teich, Bolsonaro defende cloroquina e pede ministros ‘afinados’

Atual titular da pasta da Saúde advertiu que prescrição de remédio envolve riscos ao paciente, dentre os quais complicações cardíacas

Redação
Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

 

Após o ministro Nelson Teich (Saúde) ter alertado sobre riscos da cloroquina no tratamento do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro fez uma defesa enfática do remédio e disse que os ministros de seu governo devem estar “afinados” com ele.

Segundo o portal G1, a declaração de Bolsonaro foi dada na manhã desta quarta-feira (13), quando ele deixava a residência oficial do Palácio da Alvorada. Ao ser questionado sobre o posicionamento e Teich, o presidente disse que ministros são indicações políticas dele.

“Olha só… Todos os ministros, eu já sei qual é a pergunta, têm que estar afinados comigo. Todos os ministros são indicações políticas minhas e, quando eu converso com os ministros, eu quero eficácia na ponta. Nesse caso, não é gostar ou não do ministro Teich. É o que está acontecendo”, afirmou Bolsonaro.

Desde os primeiros dias após o país começar a registrar casos de Covid-19, Bolsonaro alardeia a cloroquina como uma alternativa para o combate à doença. O remédio é usado comumente para tratamento de malária. Ainda não há evidências científicas que apontem a eficácia em casos de infecções por coronavírus.

Na terça(12), Teich escreveu em sua conta no Twitter que a cloroquina apresenta efeitos colaterais e que a prescrição deve ser feita em comum acordo entre paciente e médico. Um dos principais efeitos colaterais do remédio são complicações cardíacas.

“Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o ‘Termo de Consentimento’ antes de iniciar o uso da cloroquina”, afirmou o ministro.

O presidente também disse que vai conversar com Teich ainda nesta quarta para ser alterado o protocolo do Ministério da Saúde, que atualmente prevê a prescrição de cloroquina apenas para os casos graves. O presidente quer que o remédio seja usado desde o início do tratamento.

“Nós estamos tendo centenas de mortes por dia. Se existe uma possibilidade de diminuir esse número com a cloroquina, por que não usar? Alguns falam que pode ser placebo. Pode ser. Você não sabe. Mas pode não ser também. A gente não pode, por exemplo, falar: ‘Ah, se tivesse usado a cloroquina lá atrás, teria salvo milhões de pessoas. Só isso”, disse o presidente.

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