Publicado em 03/04/2020 às 08h12.

Brasil terá falta de leitos mesmo em cenário mais otimista, dizem especialistas

Estudos de diferentes grupos de pesquisa projetam lotação de UTIs pelo país; pior estimativa vê déficit em abril

Redação
Hospital Ernesto Simões, em Salvador, recebe casos de coronavírus (Foto: Carol Garcia/ GOVBA)
Hospital Ernesto Simões, em Salvador, foi preparado para receber casos do novo coronavírus (Foto: Carol Garcia GOVBA)

 

Pesquisadores que estudam o impacto potencial do avanço do novo coronavírus no sistema de saúde pública projetam que a doença submeterá os hospitais brasileiros a pressões significativas mesmo se o contágio da população evoluir de forma lenta nos próximos meses, informa reportagem do jornal Folha de S. Paulo.

Como a pandemia  ainda está em estágio inicial no país, é cedo para previsões seguras sobre sua evolução, dizem os especialistas ouvidos pela publicação. De acordo com a Folha, os estudos em andamento, por outro lado, podem ajudar a identificar áreas despreparadas para lidar com a disseminação do vírus e a acelerada multiplicação de casos.

Cálculos de um grupo ligado ao Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) indicam que grande parte dos municípios teria dificuldades mesmo com taxas de infecção relativamente baixas se a contaminação aumentar muito rapidamente.

Num cenário em que 0,1% da população contrairia o vírus em um mês, os pesquisadores mineiros preveem que faltariam leitos em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) para o atendimento dos casos mais graves em 44% das regiões em que o SUS (Sistema Único de Saúde) agrupa os municípios do país.

Ainda conforme a reportagem, uma taxa de infecção de 0,1% será alcançada no Brasil quando 210 mil pessoas tiverem contraído o novo coronavírus.

As estatísticas do Ministério da Saúde apontam 7.910 casos confirmados até esta quinta (2), mas há evidências de que muitos casos não têm sido notificados por falta de testes.

Com base na experiência de países atingidos antes pela pandemia, a OMS (Organização Mundial da Saúde) calcula que 14% das pessoas infectadas pelo coronavírus precisarão de internação hospitalar e ao menos 5% precisarão de atenção maior e de equipamentos das UTIs.

Num cenário mais pessimista, em que o contágio atingiria 1% da população em um mês, os hospitais de 95% das regiões ficariam sobrecarregados, sem leitos para os casos mais graves, diz o grupo da UFMG.

Em 51% das regiões, também não haveria aparelhos de ventilação pulmonar suficientes para auxiliar os doentes.

O Brasil tem pelo menos 33 mil leitos de UTI disponíveis para pacientes adultos no SUS e nos hospitais particulares, sem contar leitos para recém-nascidos e crianças, mas a distribuição é desigual. As maiores carências estão na rede pública e nas regiões mais pobres do país, Norte e Nordeste.

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