Publicado em 05/04/2020 às 08h30.

Dilma: ‘Incapaz, Bolsonaro quer atribuir morte e fome aos governadores’

Ex-presidente critica medidas econômicas anunciadas pelo governo e diz que desempenho de Paulo Guedes é "deplorável"

Redação
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

 

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que, por ser “incapaz”, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quer culpar governadores pelas mortes e pela “fome” decorrentes da pandemia do novo coronavírus.

“A responsabilidade é dele, que é incapaz de agir concertadamente [de comum acordo]”, disse ela em entrevista ao portal UOL.

Sem pretensões eleitorais por ora, a sucessora de Lula (PT) se mantém em isolamento em sua casa, em Porto Alegre (RS), devido à Covid-19.

Após Fernando Collor (1990-1992), Dilma foi a segunda presidente alvo de impeachment, por crime de responsabilidade. No entendimento dela, um eventual impeachment de Bolsonaro está condicionado ao ambiente político, às estruturas que sustentam seu governo e a comprovação de algum crime.

“Eu acho que todo mundo tem de ter o benefício da legalidade e da lei. Tem de ver se ataque à saúde pública, se desrespeito à vida é causa para impeachment. Se for, ele deve sofrer impeachment. Agora, eu tenho plena clareza que as relações políticas e as condições políticas prévias [são] que vão definir se vai ser ou não objeto de um impeachment”, declarou.

À publicação, a petista disse ver no ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) o caminho certo para o enfrentamento da crise e, assim como o ministro, defende o isolamento horizontal da população.

Para ela, porém, as medidas econômicas anunciadas pelo governo são insuficientes e o desempenho de Paulo Guedes (Economia) é “deplorável”.

“O desempenho do Paulo Guedes é deplorável. Ele tira das pessoas a condição para ficar isolado socialmente, porque está tirando das pessoas a renda que elas precisam para ficar em casa. O Mandetta é o mais racional deles. Tem tomado várias iniciativas corretas, inclusive defende o isolamento social. A prioridade política hoje é o povo brasileiro, é a vida dele, a sobrevivência dele. E é também da atividade econômica”, avalia.

“As grandes empresas e os bancos são os mais beneficiados por esse governo, o dinheiro já chegou a eles. Enquanto isso, micro, pequeno e médio empresário, não. O padeiro, a cabeleireira da esquina, não vão ter dinheiro no dia seguinte. Essa coisa de não repassar os R$ 600, Bolsonaro não pode alegar que tem dificuldade em pagar”, critica Dilma.

Sobre a troca de afagos entre Lula e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) afirmou: “É absolutamente correta, porque nós todos estamos no mesmo barco”.

Cinco anos após sofrer um sem-número de panelaços, Dilma diz que não aderiu à atual onda de batuques de varanda das quais Bolsonaro tem se tornando alvo.

“Eu poderia estar batendo panela, só que eu te digo, não é a minha forma de luta, nunca foi bater panela”, afirmou a ex-presidente.

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