Publicado em 24/04/2020 às 06h15.

Motoboys ganham apreço de consumidores, mas estão desassistidos pelos ‘patrões’

Segundo Sindimoto Bahia, categoria que atua diariamente nas ruas não está tendo suporte com itens de proteção para combater coronavírus

Rayllanna Lima
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O serviço feito por motoboys que atuam com aplicativos, seja para entrega de alimentos ou produtos diversos, ganhou notoriedade durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Com o isolamento social, é essa categoria que muitas vezes tem salvado os consumidores quando se quer adquirir um item sem sair de casa ou mesmo garantir um almoço. Trabalhadores que se tornaram essenciais, mas que alegam descaso por parte dos “patrões”.

Presidente do Sindimoto Bahia, entidade que representa a categoria, Marcelo Barbosa disse à reportagem que a classe vive seu melhor e pior momento. Melhor, porque os motoboys estão recebendo o reconhecimento da população. Pior, por terem que trabalhar sem os instrumentos necessários para lutar contra o vírus.

“A avaliação para àqueles que precisam dos motoboys é positiva. Nesse momento de pandemia, esse trabalho é muito importante para a população. Em contrapartida, há um descaso pelas empresas que contratam, que não fornecem os equipamentos devidos, o EPI [equipamento de proteção individual]. Os motoboys estão custeando esses equipamentos – álcool em gel, luvas, máscaras – do próprio recurso dele”, disse.

Segundo ele, além das empresas que atuam em Salvador, como iFood, Rappi e Uber Eats, a categoria também não recebe apoio de alguns estabelecimentos que utilizam dos aplicativos para comercializar produtos. “Alguns restaurantes não estão deixando eles entrarem para fazer a higiene das mãos. Pela população estão tendo uma boa avaliação, mas não é reconhecido nem pelos restaurantes, pizzarias, que não dão assistências adequadas, nem as empresas de aplicativos, que, por qualquer motivo, também bloqueiam eles. É um absurdo o que está acontecendo. Eles ficam jogados nas calçadas,  ao léu, tomando chuva e sol”, afirmou.

Em defesa da categoria, o sindicato ingressou com uma ação no Ministério Público do Trabalho (MPT). “É preciso que os órgãos competentes fiscalizem esse trabalho, que está sem nenhuma estrutura. Eles recebem muito pouco pelas entregas e ainda têm que custear, do próprio bolso o EPI. É um trabalho desumano. Nos outros estados, as mesmas empresas oferecem o EPI, mas fazem o que querem aqui em Salvador. Nos tratam como lixo. Os motoboys saem por necessidade, e as empresas que atuam aqui não dão respeito nem direitos aos motoboys que fazem entregas por aplicativos. Temos de quatro  a cinco mil motoboys nessa situação”, completou Marcelo Barbosa.

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