Publicado em 13/12/2020 às 13h00.

Plano de vacinação do governo entregue ao STF não teve autorização de pesquisadores citados

Grupo divulgou nota para dizer que ficou sabendo do texto pela imprensa e que não aprovou o documento

Redação
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

 

Pesquisadores citados pelo governo de Jair Bolsonaro em plano de imunização coletiva enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) emitiram nota publica dizendo que, apesar de terem seus nomes assinados, não tiveram acesso nem aprovaram o documento.

Por meio de nota pública assinada por 36 integrantes, o grupo “Eixo Epidemiológico do Plano Operacional Vacinação Covid-19”, informou que só soube da existência do plano após divulgação na imprensa.

“Nos causou surpresa e estranheza que o documento no qual constam os nomes dos pesquisadores deste grupo técnico não nos foi apresentado anteriormente e não obteve nossa anuência. Importante destacar que o grupo técnico havia solicitado reunião e manifestado preocupação pela retirada de grupos prioritários e pela não inclusão de todas as vacinas disponíveis que se mostrarem seguras e eficazes”, diz o texto.

Os pesquisadores afirmam ainda que todas as populações vulneráveis devem ser incluídas na prioridade de vacinação, como quilombolas, populações ribeirinhas, privados de liberdade e pessoas com deficiência. “Outro ponto importante a ser considerado é a ampliação do escopo para todos os trabalhadores da educação e também a inclusão, nos grupos de vacinação, para os trabalhadores essenciais. Novamente, vimos solicitar do governo brasileiro esforços do Ministério da Saúde para que sejam imediatamente abertas negociações para aquisição de outras vacinas que atendam aos requisitos de eficácia, segurança e qualidade”.

Enfermeira, epidemiologista e professora da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), Ethel Maciel também já havia dito, em entrevista à Folha de S.Paulo, que desconhecia o plano de vacinação ao qual seu nome foi vinculad.

“Fomos surpreendidos, ficamos sabendo pela imprensa que o documento havia sido divulgado com a nossa assinatura. Eu não vi essa versão ou qualquer outra preliminar”, disse a especialista à Folha. Segundo ela, normalmente os pesquisadores que participam de uma pesquisa ou ação recebem a versão final antes da publicação.

“Em 25 anos de carreira eu nunca vivi algo assim. É muito grave e considero uma postura antidemocrática, porque podemos responder inclusive judicialmente se algo não está correto, já que nosso nome está assinado lá.”

O grupo solicitou uma reunião com o ministério, que deve ocorrer na segunda-feira (14). Por meio de nota, o ministério alegou que todos os envolvidos estavam cientes de que existia um prazo de entrega para o STF, mas que no encontro “irá agradecer o empenho” dos envolvidos.

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