Publicado em 22/06/2020 às 13h00.

Sindicato se diz preocupado com reabertura de resorts no litoral norte baiano

Entre os que já voltaram a operar, o Vila Galé Marés, em Camaçari, retoma atividades em meio à ocupação de 100% dos leitos de UTI no município

Alexandre Santos
Foto: Divulgação/Vila Galé Marés
Foto: Divulgação/Vila Galé Marés

 

O Sindihotéis-BA, sindicato que representa os trabalhadores do setor, diz ver com preocupação a reabertura de grandes resorts localizados no litoral norte baiano em meio à pandemia do novo coronavírus. A entidade considera que o atual momento é inadequado para a retomada das atividades, uma vez que os casos de Covid-19 ainda não seguem uma tendência de queda.

Entre os empreendimentos que já operam sob a adoção de protocolos sanitários, o resort Vila Galé Marés, em Guarajuba, por exemplo, retoma suas atividades diante de um cenário preocupante: na última quinta-feira (18), mesmo dia em que a unidade reabriu as portas, os 16 leitos de UTI para pacientes com Covid-19 na rede municipal de Camaçari registraram uma taxa de 100% de ocupação.

A informação foi confirmada ao bahia.ba pela assessoria do prefeito Antônio Elinaldo (DEM).

Com uma população de aproximadamente 300 mil pessoas (IBGE-2019), Camaçari tem atualmente um déficit alarmante no número de UTIs ofertadas: enquanto a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda 3 leitos do tipo para cada 10 mil habitantes, na prática, o município dispõe de 0,53 dessas unidades, ou seja, menos de uma UTI para o mesmo universo de público mencionado pelo organismo internacional.

Após o esgotamento da capacidade de atendimento, a gestão municipal diz que entregará nos próximos dias 10 novos leitos de UTI, por meio de um contrato emergencial firmado com o Hospital Santa Helena, da rede privada.

“No total, teremos 26 leitos de UTI para disponíveis para o combate à Covid-19”, informou a prefeitura.

Segundo boletim epidemiológico mais recente, Camaçari tem hoje 780 casos de coronavírus, 29 mortes decorrentes da doença e 46 casos suspeitos —dentre os quais 1 óbito em investigação.

Nesta segunda-feira (22), a prefeitura apresentará um plano estratégico para a reabertura parcial das atividades econômicas. A primeira fase de flexibilização do comércio está prevista para ocorrer a partir de 1º de julho.

Para o presidente do Sindihotéis-BA, Almir Pereira, a decisão preocupa. “A gente entende que só deve flexibilizar a abertura desses empreendimentos quando diminuir a quantidade de pessoas infectadas, e esse número não diminuiu. É um momento crítico. Por esse ponto de vista, o sindicato é contra que se reabra”, declarou à reportagem.

“A gente sabe que a economia é importante, gera empregos, e as pessoas precisam trabalhar. Mas é preciso reabrir com mais cautela. Sabemos que os empreendimentos seguem protocolos para proteger hóspedes e funcionários. O problema é que, do lado de fora, temos outra realidade. O risco de contaminação está dentro do transporte púbico, de um ônibus lotado. Nossa preocupação é justamente essa. Temos que reabrir, sim, mas só quando os números baixarem”, avalia Pereira.

Vila Galé diz que reabertura seguirá protocolos rígidos

O bahia.ba questionou o Vila Galé Marés se a reabertura seria mantida mesmo com o esgotamento de leitos de UTI geridos pela prefeitura de Camaçari, município onde vive a maioria de sua força de trabalho.

Em nota, a assessoria do grupo hoteleiro respondeu que a decisão para a retomada das atividades levou em conta, dentre outros pontos, a adoção de protocolos rígidos, além de dados epidemiológicos dos locais de residência dos colaboradores.

“Ou seja, dos 220 colaboradores atualmente em serviço, cerca de 150 residem em diversos bairros de Camaçari, com distâncias bastante assinaláveis entre si (Camaçari tem 300 mil habitantes e o Município possui uma área de 785 km).  Entre as diversas medidas implementadas, como monitoramento da temperatura de todas as pessoas que frequentam as instalações do resort na chegada e saída, fornecimento de EPIs de uso obrigatório, ações de formação gerais e especificas para cada setor, entre outros protocolos.

Segundo o Vila Gale Marés, apesar da retomada das operações, a expectativa quanto ao número de hóspedes prevista para este mês é muito baixa: as taxas de ocupação não devem ser superiores a 10% a 15%, estima.

A rede, porém, diz que, que, se necessário, está preparada para atender demanda superior a 1.500 hóspedes em seu resort em Guarajuba, cuja área total é de cerca de 200 mil m².

Um dos maiores grupos hoteleiros de Portugal, o Vila Galé tem ao todo nove unidades no Brasil —as demais, contudo, sem data de abertura definida.

MEDIDAS MENCIONADAS PELO VILA GALÉ PARA REABERTURA

– Adotamos medidas de prevenção de higiene sob três princípios essenciais para manter a máxima segurança e bem-estar dos hóspedes, colaboradores e parceiros. São eles: resguardar o necessário distanciamento social, garantir o uso de equipamentos de proteção individual e reforçar as medidas de limpeza e desinfecção.

– Elaboramos o aplicativo MyVilagalé para que hóspedes realizarem check in e check out pelo dispositivo móvel com intuito de reduzir o contato social e a espera na recepção. Essa plataforma também contêm os cardápios de todos os restaurantes e bares e o spa menu  para consulta.

– O restaurante deixa de ser buffet e passa operar no formato à la carte e por sistema de turnos, para que as cadeiras e mesas sejam devidamente higienizadas após a cada utilização.

– Há sinalizações informativas por todo o hotel para que o distanciamento mínimo de 2 metros seja cumprido, além de álcool em gel 70% espalhados em diferentes pontos e os colaboradores receberam treinamento a fim de reforçar a prevenção individual e dos nossos hóspedes.

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