Clima já afeta feijão e preços disparam
O consumidor, especialmente o de baixa renda, acuado pela recessão e pelo desemprego, cortou a compra do item no supermercado


Pressionados por problemas climáticos, os preços do prato típico do brasileiro, o feijão com arroz, dispararam neste ano. Isso dificulta a vida do consumidor, especialmente o de baixa renda, que, acuado pela recessão e pelo desemprego, cortou a compra de itens supérfluos no supermercado.
Só o feijão subiu 28%, em média, até maio, segundo pesquisa de auditoria de varejo da GfK, que coleta preços em pequenos e médios supermercados instalados em 21 regiões do país, entre capitais e cidades do interior. O mesmo levantamento aponta que o arroz ficou 5% mais caro no período. De acordo com o IBGE, que mede a variação nas capitais, o preço do feijão subiu 33,49% no ano até maio e 41,62% em 12 meses.
Mas já existe uma alta de preço do arroz no varejo encomendada. É que a cotação do saco de 50k do arroz tipo 1, em casca, atingiu R$ 44,52 na sexta-feira, o maior valor registrado no Rio Grande do Sul em quase 20 anos, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). E parte do repasse acaba sendo inevitável, principalmente, porque ser um alimento básico.
“O freio no preço do arroz poderia vir da importação de países vizinhos”, diz Athos Dias de Castro Gadea, gerente do Irga. De toda forma, ele pondera que os problemas climáticos, por causa do fenômeno El Niño, que afetaram a safra do Rio Grande do Sul, o maior produtor do País, também prejudicaram a as lavouras de Uruguai e da Argentina. Neste ano, o Rio Grande do Sul colheu 7,4 milhões de toneladas, com uma quebra de 16% em relação à safra passada.
Importação – Já a importação não é a saída para aliviar a alta de preços do feijão. Os estoques oficiais do produto encontram-se em níveis muito baixos, 108 mil toneladas, e a importação do feijão preto, da China, não chegaria ao País em tempo hábil para completar a oferta, observa Carlos Alberto Salvador, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura do Paraná. O Paraná responde por 24% da colheita nas três safras de feijão e o Estado é o principal produtor.
Salvador explica que, por causa do clima, o Estado teve quebra de 14% na primeira safra encerrada em março e de 21% na segunda safra que acaba de ser colhida e que somou 318,2 mil toneladas. Já a terceira safra está sendo plantada. Mas ela é insuficiente para reverter a alta de preço. “Vamos ter preços elevados do feijão até agosto”, prevê. Em maio, o preço médio recebido pelo produtor do Paraná pela saca de 60k do feijão em cores foi de R$ 228,21, mais que o dobro do que mesmo mês do ano passado (R$ 106,82).
Marco Aurélia Lima, diretor de auditoria de varejo da GfK, observa que em maio o feijão foi o alimento que registrou maior alta entre os alimentos básicos, subiu 6,94%, superado apenas pela batata (8,68%). No entanto, a dificuldade é que esse alimento é de largo consumo, sobretudo entre os mais pobres. De acordo com a consultoria, cada família consome cerca de 3 kg de feijão por mês. No varejo, o quilo chega hoje a R$ 12, conta o presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda.
Além do feijão com arroz, a pesquisa da GFK aponta também altas expressivas no ano até maio de outros produtos básicos, como farinha de mandioca (34,5%), leite longa vida (19,3%), açúcar (18,2%), ovo (7,7%), óleo soja (7,6%) e até carne de segunda (3,12%).
“Está ocorrendo uma migração da carne de primeira para carne de segunda”, observa Honda, que atribui parte do aumento de preço da carne ao avanço da exportação.
Inflação – O impacto da alta dos itens básicos deve ter reflexos na inflação deste mês. Para junho, a LCA Consultores espera uma inflação de 0,35%, em boa parte por causa da elevação dos preços do grupo alimentos e bebidas, que, ao lado do grupo habitação, deve puxar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para cima. Em maio o IPCA ficou em 0,78%.
Mais notícias
-
Economia
21h40 de 21 de setembro de 2023
Rebanho bovino e produção de leite e ovos bateram recordes em 2022 na Bahia
Valor total da produção animal na Bahia avançou de forma significativa entre 2021 e 2022, de R$ 2,7 bilhões para R$ 3,2 bilhões
-
Economia
20h25 de 21 de setembro de 2023
Segunda fase do programa Desenrola começa na segunda-feira (25)
Poderão participar desta nova etapa os consumidores negativados que possuem renda de até dois salários mínimos e dívidas de até R$ 5 mil
-
Economia
15h11 de 21 de setembro de 2023
Taxa de juros volta a cair, chega a 12,75% e estimula compra de veículos seminovos
Condições favoráveis da Economia provocaram o crescimento na venda de carros em 12,6% entre janeiro e agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado
-
Economia
07h15 de 21 de setembro de 2023
Banco do Nordeste empossa Ana Teresa de Carvalho como diretora de Administração
Ela vai comandar áreas como tecnologia da informação, desenvolvimento humano, inovação, logística e suprimentos
-
Economia
06h53 de 21 de setembro de 2023
Caixa paga novo Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 4
Parcela tem adicional de R$ 50 a gestantes e filhos de 7 a 18 anos
-
Economia
19h03 de 20 de setembro de 2023
Copom reduz taxa básica de juros; Selic cai de 13,25% para 12,75%
Este foi o segundo corte seguido na taxa básica de juros, que começou a recuar em agosto deste ano
-
Economia
18h15 de 20 de setembro de 2023
123 Milhas: justiça suspende recuperação judicial
Medida foi solicitada pelo Banco do Brasil, maior credor da agência, e é válida até que empresa apresente garantias para seguir com processo
-
Economia
16h33 de 20 de setembro de 2023
Setores com impactos ambientais lideram incentivos a Norte e Nordeste
Segundo Inesc, mineração, energia e agronegócio têm mais benefícios
-
Economia
11h52 de 20 de setembro de 2023
Economia cresce 2,7% no trimestre encerrado em julho
Pesquisa da FGV comparou PIB com mesmo período do ano passado
-
Economia
11h32 de 20 de setembro de 2023
Walt Disney Co. anuncia investimento de R$ 291 bilhões em parques temáticos e linhas de cruzeiros
Valor é considerado o dobro do que a empresa gastou em parques e cruzeis na última década.