Publicado em 02/06/2016 às 13h00.

Coca-Cola compra a marca Ades para reforçar portfólio ‘saudável’

O negócio agora aguarda a aprovação de autoridades regulatórias, mas já recebeu o aval dos conselhos de administração de ambas as empresas

Ana Lucia Andrade
Coca-cola compra a Ades Foto Reprodução Wikipedia
Coca-cola compra a Ades Foto Reprodução Wikipedia

 

A Coca-Cola reforçou sua estratégia de expansão para fora do setor de refrigerantes – categoria que, apesar de representar o carro-chefe da empresa, acumula baixas nas vendas na última década. Em parceria com a engarrafadora mexicana Coca-Cola Femsa, a companhia adquiriu a linha de bebidas de soja Ades, que pertencia a Unilever, por US$ 575 milhões, nesta quarta-feira (1º).

Com a compra, a Coca-Cola poderá ampliar a oferta de produtos não carbonados (sem gás), na qual já detinha oito marcas no Brasil, duas delas de sucos prontos – a Suco Mais, adquirida em 2005, e a Del Valle, comprada em 2006.

Já para a Unilever, a venda é mais um passo no projeto de simplificação de portfólio, uma meta que a multinacional anglo-holandesa vem colocando em prática já há algum tempo.

O negócio agora aguarda a aprovação de autoridades regulatórias, mas já recebeu o aval dos conselhos de administração de ambas as empresas.

América Latina – Criada em 1988 na Argentina, a marca Ades lidera o mercado de bebidas à base de soja na América Latina, com faturamento de US$ 284 milhões (cerca de R$ 1,015 bilhão) e volume de vendas de 56,2 milhões de litros em 2015. Segundo estimativas de mercado, metade desse montante viria da operação brasileira, onde a Ades está presente desde 1996.

“É uma transação interessante para a Coca-Cola. A empresa trabalha há pelo dez anos com uma estratégia global de ter produtos em todos segmentos de bebidas não alcoólicas, e o mercado de bebida de soja, de apelo saudável, é importante”, diz Adalberto Viviani, consultor na área de bebidas e de varejo.

O especialista lembra que, nos últimos anos, a companhia americana vem apostando em segmentos mais naturais com o propósito de conquistar consumidores mais jovens.

Em 2014, uma pesquisa divulgada nos Estados Unidos pela própria Coca-Cola verificou que a idade média do consumidor típico do refrigerante no país é de 56 anos. Os clientes com até 40 anos preferem energéticos e a geração na casa dos 20 anos disse optar por bebidas naturais, como água e sucos naturais, feitos na hora, da própria fruta.

Por aqui, a tendência parece não ser muito diferente. Um levantamento da empresa de pesquisa Kantar World Panel realizado em 2015 mostrou queda de 5% nas vendas de refrigerantes, ao passo que as vendas de água de coco avançaram 11%.

“O refrigerante tem futuro, mas vai ter de ser um refrigerante saudável. Vejo espaço para produtos como sucos gaseificados, como são as limonadas italianas. É por isso que a Coca-Cola está mudando”, afirma especialista Silvio Laban, que é coordenador acadêmico dos cursos de MBA do Insper.

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