Com recuo de 1,3% em setembro, vendas no varejo caem pelo 2º mês seguido
IBGE afirma que a inflação foi fator determinante para o resultado
O volume de vendas do comércio varejista no país recuou 1,3% em setembro, na comparação com o mês anterior, segunda queda consecutiva após a maior alta do ano em julho, quando cresceu 3,1%. No ano, o varejo acumula crescimento de 3,8% e, nos últimos 12 meses, alta de 3,9%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quinta-feira (11/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Segundo Cristiano Santos, gerente da pesquisa, esse segundo mês de queda vem com intensidade razoável, mas em menor amplitude do que agosto com -4,3%. “Depois da grande queda de abril do ano passado, início da pandemia, veio uma recuperação muito rápida que levou ao patamar recorde de outubro e novembro de 2020. Depois tivemos um primeiro rebatimento com uma nova queda forte em dezembro e dois meses variando muito próximo do mesmo nível pré-pandemia, até março, mês a partir do qual houve nova trajetória de recuperação. Desde fevereiro de 2020, o setor vive muita volatilidade”, analisa.
O gerente explica que a volatilidade tem fatores distintos para cada um dos picos. Desde fevereiro de 2020, foram três picos negativos (abril de 2020, março de 2021, e setembro de 2021) e pelo menos dois picos de altas (outubro e novembro de 2020 e julho de 2021).
“Neste último, de setembro de 2021, o fator determinante é a inflação. Isso fica claro quando comparamos a queda de 1,3% no volume e a variação de – 0,2% na receita, estável. O componente que joga o volume para baixo é a inflação. As mercadorias subiram de preço. Em Combustíveis e lubrificantes, por exemplo, a receita foi -0,1%, totalmente estável, e o volume caiu 2,6%. O mesmo vale para Hiper e supermercados, que passa de 0,1% de receita para -1,5% em volume. Mas o mesmo fator não se aplica a Tecidos, vestuário e calçados que caiu tanto em volume, (-1,1%), quanto na receita com queda ainda maior, sinalizando deflação gerada pela redução da demanda”, explica Santos.
Recuperação
O especialista faz uma observação de que, enquanto as quedas de dezembro 2020 e janeiro 2021 deveram-se ao fim do auxílio emergencial, a recuperação a partir de março é explicada pela flexibilização das medidas de distanciamento social, com a maior abertura do comércio. “Entre as oito atividades pesquisadas, seis tiveram taxas negativas em setembro. As quedas mais intensas foram Equipamentos e material para escritório, com -3,6% em informática e comunicação, -3,5% em Móveis e eletrodomésticos e – 2,6% em Combustíveis e lubrificantes. Mas a atividade de maior peso na formação da taxa de setembro foi Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que chegou a -1,5%”, explica a pesquisa.
O levantamento aponta também que o comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, o volume de vendas caiu 1,1% em setembro, frente a agosto. “O impacto negativo veio da queda de 1,7% de Veículos, motos, partes e peças e de 1,1% em Material de construção, ambos, respectivamente, após variação de 0,3% e queda de 1,2% registrados em agosto”, aponta.
Recuo de 5,5%
A pesquisa mostra que na comparação com setembro de 2020, o comércio varejista recuou 5,5% com sete taxas negativas das oito atividades pesquisadas: “Móveis e eletrodomésticos (-22,6%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-14,8%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-6,9%), Combustíveis e lubrificantes (-4,0%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-3,7%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-3,4%) e Tecidos, vestuário e calçados (-0,1%)”.
De acordo com a pesquisa, o único setor a registrar taxa no campo positivo foi Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,3%).
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