Publicado em 18/07/2022 às 18h31.

Diretor do Grupo LemosPassos fala do impacto da alta dos preços nos negócios

Ademar Lemos ressaltou que esperava uma melhora pós-pandemia, mas veio a guerra na Ucrânia

Redação
Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil
Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

 

O avanço dos preços dos alimentos vem refletindo nas operadoras de restaurantes corporativos que estão buscando a inclusão de um mecanismo de “gatilho” em seus contratos: quando a inflação medida pelo IPC da Fipe na categoria alimentação fora do lar chega a 5%, sentam à mesa com os clientes para renegociar condições do acordo. Nos 12 meses até junho, o indicador acumula alta de 13,40%.

Os contratos das empresas de refeições coletivas com as companhias que oferecem os serviços a seus funcionários têm reajustes anuais, o que os fornecedores dizem ser insuficiente para cobrir o aumento de custos. O setor fornece hoje 14 milhões de refeições por dia em fábricas, hospitais, escolas e locais remotos, como plataformas de petróleo em alto-mar.

Segundo Ademar Lemos, o diretor-geral do Grupo LemosPassos, com sede na Bahia, à alta geral de combustíveis e insumos, que se intensificou com o conflito no leste europeu a partir de fevereiro, gerou um receio frente a instabilidade que já havia rodando os negócios. “Quando a gente pensou que iria respirar da pandemia, veio a guerra [na Ucrânia].

Por causa da crise sanitária, o faturamento da sua empresa, que atende o setor público e privado, servindo 240 mil refeições por dia em indústrias, escolas públicas, hospitais e presídios, caiu de R$ 162 milhões em 2019 para R$ 152 milhões em 2020 e em 2021. “E só conseguimos estes R$ 152 milhões porque começamos a vender também cestas básicas. Não era margem grande, mas entrava algum dinheiro”, conta.

 

Para Lemos,  as indústrias que atende não pararam de funcionar com a crise sanitária, mas algumas delas reduziram pessoal – o que diminuiu o número de refeições servidas. Já o faturamento com merenda escolar foi a zero em diversas fases da pandemia.

“Foi um momento que não tinha como repassar o custo para o cliente, porque se a gente estava em crise, eles também estavam”, afirma Lemos, sobre os dois últimos anos. Desde então, ele vem buscando rever cardápios e despesas e agora, retoma as conversas sobre reajustes.

O diretor também conta que já teve receptividade de dois clientes à inclusão do gatilho. “É uma parceria. Lá adiante, quando o contrato fizer um ano tem a compensação”, afirma. Ou seja, o percentual acertado neste momento funciona como uma antecipação de parte do reajuste a ser negociado no aniversário do contrato.

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (Aberc), que está propondo o mecanismo de “gatilho”, a cláusula não significa um repasse integral e automático do índice ao preço da refeição, mas serve como sinalizador da necessidade de renegociação, que pode incluir mudanças no cardápio, nos horários dos serviços (que impactam os custos com mão de obra) e divisão de gastos, como o uso do gás – em geral uma conta dos restaurantes coletivos, mas que em alguns casos passa a ser paga separadamente pelas empresas.

Cálculos da Aberc apontam para um aumento de 24,1% nos custos de produção de uma refeição nos 12 meses encerrados em junho. O percentual considera, proporcionalmente, desde salários e alimentos até o preço do gás e itens descartáveis como guardanapos (ver a divisão dos custos de um prato no quadro ao lado). “Absolutamente tudo aumentou na composição de uma refeição”, afirma Rogério da Costa Vieira, vice-presidente da Aberc e presidente da Federação Nacional das Empresas de Refeições Coletivas (Fenerc).

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