Haddad diz que isenção do IR para títulos privados não prejudicará produtores
Ministro também negou que a medida afetará o agronegócio, e que foco está no impacto sobre os mais ricos

O fim da isenção de Imposto de Renda a títulos privados e a determinados fundos não prejudicará o produtor, disse nesta quarta-feira (11) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em audiência conjunta das Comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, o ministro afirmou que a medida, que integra o pacote para compensar a alta no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), corrigirá distorções no mercado financeiro.
“Quando a gente fala de reduzir um pouco o benefício fiscal de título isento é porque estamos com uma Selic de quase 15% ao ano. Nem o Tesouro Nacional está conseguindo concorrer com esses títulos privados. Isso não é demonizar a construção civil. Talvez esse governo seja o maior amigo da construção civil. Metade da construção civil depende do Minha Casa, Minha Vida, que tinha acabado [no governo anterior]”, declarou o ministro.
Segundo matéria da Agência Brasil, conforme a medida provisória que deve ser publicada ainda esta semana, a isenção de Imposto de Renda (IR) sobre as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito ao Agronegócio (LCA), fundos imobiliários e Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) deixará de existir a partir de 2026. Pela proposta, esses investimentos pagarão 5% de Imposto de Renda (IR).
Haddad ressaltou também que a maior parte dos benefícios da isenção do IR não fica com os produtores. “Esses benefícios fiscais não vão para o produtor, 60% a 70% ficam no meio do caminho, com o detentor do título ou o sistema bancário. Não fica com o produtor. A gente está vendo essas distorções e procurando corrigir”, disse o ministro.
O ministro negou que a correção de distorções signifique alta de imposto. “Isso não é aumento de tributo. É correção de distorção. São R$ 41 bilhões de renúncia fiscal nos títulos isentos. É mais que o seguro-desemprego inteiro. São três [programas] Farmácia Popular. Do que estamos falando? É do tamanho do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]”, declarou.
Agronegócio
Haddad também negou que o agronegócio será prejudicado e ressaltou que o atual governo beneficia o setor com R$ 158 bilhões de renúncias fiscais e com Planos Safras recorde.
“No caso do agro, o governo está prejudicando? Nós fizemos o maior Plano Safra do Brasil pelo segundo ano consecutivo. E a renúncia fiscal do agro é de R$ 158 bilhões. Vamos negar que estamos patrocinando o agro brasileiro? Sou orgulhoso da agricultura brasileira”, declarou.
Impacto sobre os mais ricos
Assim como na reforma do Imposto de Renda em tramitação no Congresso, Haddad as medidas para compensar a alta do IOF se concentrarão nos mais ricos e atingirão uma parcela ínfima da população. Segundo o ministro, a aprovação do pacote ajudará a cumprir as metas do arcabouço fiscal, trazendo mais crescimento no médio prazo.
“Só 0,8% da população está afetada por todas as medidas de equilíbrio fiscal e redução da renúncia tributária. Em benefício do quê? Mais crescimento, menos taxa de juros, mais emprego, mais igualdade. Isso vai permitir mais espaço para investimento”, declarou.
Diálogo
Ao lembrar a atuação do Congresso na aprovação e na regulamentação da reforma tributária, Haddad disse que o governo está aberto a discussões.
“Compartilho das preocupações porque são corretas. As partes têm que caber no todo e, para isso acontecer, temos que ir para a mesa e saber o que politicamente o Congresso está disposto a enfrentar, como fizemos na reforma tributária. Demos suporte para o Congresso avançar, e ele avançou”, destacou.
O ministro lembrou que o governo precisa atuar tanto do lado das receitas como das despesas para garantir a sobrevivência do arcabouço fiscal. Haddad ressaltou que, apesar de medidas de revisão de renúncias fiscais aprovadas em 2023, as receitas da União continuam estáveis em relação a 2022, rechaçando a alegação de que o governo está elevando a carga tributária.
“A receita líquida federal em 2024 foi 18,4% do PIB [Produto Interno Bruto]. Em 2022, também foi 18,4%. Se nós fizemos essas curvas de receitas e despesas cruzarem novamente para abrir espaço para um superávit primário que pode ser construído com o tempo, garantimos a meta fiscal do ano que vem. Será o primeiro superávit primário estrutural em muito tempo”, declarou.
Mais notícias
-
Economia
18h50 de 12/06/2025
Dólar fecha em R$ 5,54 após pacote de impostos do governo; Ibovespa sobe 0,49%
Na semana, moeda acumula recuo de 0,49%, enquanto o índice da bolsa brasileira registra alta de 1,25%
-
Economia
14h09 de 12/06/2025
Pequenas e médias empresas da Bahia podem economizar até 20% com energia limpa, estima Sebrae
Aneel anunciou mudança nas contas de luz que terão adicional de R$ 4,46 a cada 100 kW/h consumidos
-
Economia
13h30 de 12/06/2025
Governo estima arrecadar R$ 30 bi entre 2025 e 2026 com MP do IOF, diz jornal
O texto busca compensar a perda de receita decorrente das mudanças previstas no primeiro decreto, que recebeu críticas do Congresso e do setor produtivo
-
Economia
11h43 de 12/06/2025
Movimentação portuária bate recorde por dois meses seguidos
Volume de cargas cresceu 1,12%, com 107,6 milhões toneladas no mês de abril
-
Economia
11h40 de 12/06/2025
Objetivo é reduzir gasto tributário em 5% dos R$ 800 bi estimados, diz Haddad sobre MP do IOF
Ministro defendeu que as medidas previstas na MP não representam um aumento nos impostos, mas uma correção de distorções
-
Economia
11h26 de 12/06/2025
Bahia deve colher safra recorde de grãos em 2025, com alta de 9,8%
Estado mantém 7ª posição no ranking nacional; soja, mandioca e milho lideram crescimento
-
Economia
10h57 de 12/06/2025
Vendas do varejo crescem na Bahia pelo terceiro mês seguido, mas seguem abaixo da média nacional
Supermercados e farmácias impulsionam resultado positivo em abril, mas comércio baiano ainda tem desempenho modesto em 2025
-
Economia
10h47 de 12/06/2025
Comércio tem queda de 0,4% em abril, diz pesquisa do IBGE
Setor havia apresentado três altas consecutivas
-
Economia
10h38 de 12/06/2025
Dólar à vista opera com leve baixa nesta quinta (12), após o governo divulgar nova MP do IOF
As disputas comerciais e as tensões no Oriente Médio seguem prendendo a atenção dos analistas,
-
Economia
10h21 de 12/06/2025
Tentativas de fraude em bancos crescem 21,5% no início de 2025
Apenas no primeiro trimestre, quase 1,9 milhão de ataques foram registrados, com prejuízo potencial de R$ 15,7 bilhões