Publicado em 13/11/2019 às 10h23.

Brasil reconhece senadora oposicionista a Morales como presidente da Bolívia

Governo Bolsonaro reconheceu Jeanine Áñez como presidente interina da Bolívia, após a parlamentar se autodeclarar chefe do Executivo boliviano

Redação
Foto: Reprodução/Twitter
Foto: Reprodução/Twitter

 

O governo Bolsonaro reconheceu nesta terça-feira (12) a senadora Jeanine Áñez, do partido Unidad Demócrata, como presidente interina da Bolívia, após a parlamentar, que fazia oposição a Evo Morales, se autodeclarar chefe do Executivo boliviano. No último domingo (10), o ex-presidente boliviano, acossado por denúncias de fraude nas eleições presidenciais, sofreu um golpe militar, sendo instado a renunciar do cargo – desde então, havia um vácuo de poder no país andino.

Em publicação no Twitter, o Ministério de Relações Exteriores congratulou Añez por “assumir constitucionalmente a Presidência da Bolívia” e saudou “sua determinação de trabalhar pela pacificação do país e pela pronta realização de eleições gerais”. O Itamaraty ainda declarou que “deseja aprofundar a fraterna amizade com a Bolívia”.

De acordo com a Folha e o Globo, o chanceler Ernesto Araújo também afirmou na terça, em um jantar com membros de delegações estrangeiras prévio à cúpula dos Brics em Brasília, que o “rito constitucional boliviano” está sendo cumprido. “Nossa primeira percepção é que está sendo cumprido o rito constitucional boliviano, e queremos que isso contribua para a pacificação e a normalização do país”, disse.

A autodeclarada presidente boliviana assumiu o cargo de mandatária do país após ter sido empossada presidente do Senado em uma sessão legislativa especial da Assembleia boliviana – ainda que não tenha conseguido reunir quórum para isso devido à ausência de parlamentares leais a Morales. Como nova presidente do Senado, entrou na linha sucessória à Presidência, reivindicando o cargo.

A senadora chegou à Assembleia Legislativa, em La Paz, carregando uma Bíblia, declarando aos jornalistas que “a “Bíblia volta ao Palácio” e chamando Morales de “covarde” por ter seguido para asilo no México.

“O presidente Morales saiu porque queria, porque não se atreveu a responder ao país, isso foi um ato covarde. Agora ele está no México querendo se passar como vítima e enganando o mundo inteiro dizendo que o que aconteceu na Bolívia foi um golpe”, disse à CNN. 

Em postagem no Twitter feita em 2013, a parlamentar dizia sonhar “com uma Bolívia livre de ritos satânicos indígenas”. “A cidade não é para índios, que se vão para o altiplano ou para o chaco”, completou.

Áñez reiterou na entrevista à CNN que “o que aconteceu foi uma sucessão e que ela está ocupando seu legítimo lugar” e que foi reconhecida como presidente da Bolívia depois de uma reunião com o comando militar.

Para Morales, “foi consumado o golpe mais esperto e ameaçador da história”. Em postagem no Twitter, ele disse ainda que “uma senadora golpista de direita se autoproclamou presidente do Senado e, assim, presidente interina da Bolívia sem quórum legislativo, rodeada por um grupo de cúmplices e com o apoio das Forças Armadas e da Polícia, que estão reprimindo o povo”.

O ex-presidente afirmou, ainda, que a autoproclamação de Áñez “atenta” contra a Constituição do país, que determina que a renúncia de um presidente deve ser aprovado ou rechaçado pelos parlamentares do país e que ela não está na linha sucessória à Presidência. “Bolívia sofre um assalto ao poder do povo”, disse.

A advogada de 52 anos disse que será formado um Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) por “pessoas que terão méritos e que não precisam prestar contas a um partido político da maneira mais vergonhosa”, prometendo convocar novas eleições “em breve”.

Além do Brasil, primeiro país a reconhecê-la como presidente da Bolívia, os Estados Unidos também reconheceram senadora como chefe interina do Executivo boliviano. Esperamos com interesse trabalhar com ela e outras autoridades civis do país enquanto organizam eleições livres e justas o quanto antes, de acordo com a Constituição”, escreveu no Twitter o subsecretário de Estado para a América Latina, Michael Kozak.

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