Brasil reconhece senadora oposicionista a Morales como presidente da Bolívia
Governo Bolsonaro reconheceu Jeanine Áñez como presidente interina da Bolívia, após a parlamentar se autodeclarar chefe do Executivo boliviano
O governo Bolsonaro reconheceu nesta terça-feira (12) a senadora Jeanine Áñez, do partido Unidad Demócrata, como presidente interina da Bolívia, após a parlamentar, que fazia oposição a Evo Morales, se autodeclarar chefe do Executivo boliviano. No último domingo (10), o ex-presidente boliviano, acossado por denúncias de fraude nas eleições presidenciais, sofreu um golpe militar, sendo instado a renunciar do cargo – desde então, havia um vácuo de poder no país andino.
Em publicação no Twitter, o Ministério de Relações Exteriores congratulou Añez por “assumir constitucionalmente a Presidência da Bolívia” e saudou “sua determinação de trabalhar pela pacificação do país e pela pronta realização de eleições gerais”. O Itamaraty ainda declarou que “deseja aprofundar a fraterna amizade com a Bolívia”.
O Governo brasileiro congratula a Senadora Jeanine Añez por assumir constitucionalmente a Presidência da Bolívia e saúda sua determinação de trabalhar pela pacificação do país e pela pronta realização de eleições gerais. O Brasil deseja aprofundar a fraterna amizade c/ a Bolívia.
— Itamaraty Brasil (@ItamaratyGovBr) November 13, 2019
De acordo com a Folha e o Globo, o chanceler Ernesto Araújo também afirmou na terça, em um jantar com membros de delegações estrangeiras prévio à cúpula dos Brics em Brasília, que o “rito constitucional boliviano” está sendo cumprido. “Nossa primeira percepção é que está sendo cumprido o rito constitucional boliviano, e queremos que isso contribua para a pacificação e a normalização do país”, disse.
A autodeclarada presidente boliviana assumiu o cargo de mandatária do país após ter sido empossada presidente do Senado em uma sessão legislativa especial da Assembleia boliviana – ainda que não tenha conseguido reunir quórum para isso devido à ausência de parlamentares leais a Morales. Como nova presidente do Senado, entrou na linha sucessória à Presidência, reivindicando o cargo.
A senadora chegou à Assembleia Legislativa, em La Paz, carregando uma Bíblia, declarando aos jornalistas que “a “Bíblia volta ao Palácio” e chamando Morales de “covarde” por ter seguido para asilo no México.
“O presidente Morales saiu porque queria, porque não se atreveu a responder ao país, isso foi um ato covarde. Agora ele está no México querendo se passar como vítima e enganando o mundo inteiro dizendo que o que aconteceu na Bolívia foi um golpe”, disse à CNN.
Em postagem no Twitter feita em 2013, a parlamentar dizia sonhar “com uma Bolívia livre de ritos satânicos indígenas”. “A cidade não é para índios, que se vão para o altiplano ou para o chaco”, completou.
Áñez reiterou na entrevista à CNN que “o que aconteceu foi uma sucessão e que ela está ocupando seu legítimo lugar” e que foi reconhecida como presidente da Bolívia depois de uma reunião com o comando militar.
En este momento para #CNNEspanol , con #Fdelrincon pic.twitter.com/xtBoaEXxWY — Jeanine Añez Chavez (@JeanineAnez) November 13, 2019
Para Morales, “foi consumado o golpe mais esperto e ameaçador da história”. Em postagem no Twitter, ele disse ainda que “uma senadora golpista de direita se autoproclamou presidente do Senado e, assim, presidente interina da Bolívia sem quórum legislativo, rodeada por um grupo de cúmplices e com o apoio das Forças Armadas e da Polícia, que estão reprimindo o povo”.
Se ha consumado el golpe más artero y nefasto de la historia. Una senadora de derecha golpista se autoproclama presidenta del senado y luego presidenta interina de Bolivia sin quórum legislativo, rodeada de un grupo de cómplices y apañada por FFAA y Policía que reprimen al pueblo
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) November 12, 2019
O ex-presidente afirmou, ainda, que a autoproclamação de Áñez “atenta” contra a Constituição do país, que determina que a renúncia de um presidente deve ser aprovado ou rechaçado pelos parlamentares do país e que ela não está na linha sucessória à Presidência. “Bolívia sofre um assalto ao poder do povo”, disse.
A advogada de 52 anos disse que será formado um Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) por “pessoas que terão méritos e que não precisam prestar contas a um partido político da maneira mais vergonhosa”, prometendo convocar novas eleições “em breve”.
Além do Brasil, primeiro país a reconhecê-la como presidente da Bolívia, os Estados Unidos também reconheceram senadora como chefe interina do Executivo boliviano. Esperamos com interesse trabalhar com ela e outras autoridades civis do país enquanto organizam eleições livres e justas o quanto antes, de acordo com a Constituição”, escreveu no Twitter o subsecretário de Estado para a América Latina, Michael Kozak.
Mais notícias
-
Mundo
18h30 de 28 de março de 2024
Macron tem o direito de ser contra o acordo UE-Mercosul, diz Lula
Presidentes de Brasil e França tiveram reunião bilateral em Brasília
-
Mundo
17h56 de 28 de março de 2024
Papa Francisco quebra tradição em rito e lava os pés apenas de mulheres
Durante a celebração em um penitenciária, o pontífice lavou os pés de 12 detentas, imitando o gesto de Jesus na Ceia do Senhor
-
Mundo
06h44 de 28 de março de 2024
Em SP, Macron critica acordo entre Mercosul e União Europeia
Acordo “precisa ser renegociado do zero”, diz presidente francês
-
Mundo
21h00 de 27 de março de 2024
Mais de 1 bilhão de refeições são jogadas no lixo todos os dias, diz ONU
O número representa aproximadamente quase um quinto de tudo o que é produzido no planeta
-
Mundo
06h43 de 27 de março de 2024
Venezuela critica comunicado do Itamaraty sobre eleições
Brasil acompanha com preocupação o processo eleitoral no país vizinho
-
Mundo
15h26 de 26 de março de 2024
Doenças do pai e da esposa concentram atenção no príncipe William
Príncipe de 41 anos está acostumado ficar sob os holofotes
-
Mundo
12h56 de 26 de março de 2024
Ponte desmorona ao ser atingida por navio nos EUA; veja vídeo
Até o momento, duas pessoas foram resgatadas e autoridades buscam por mais seis desaparecidos
-
Mundo
09h58 de 26 de março de 2024
PF extradita mafioso italiano condenado por tráfico de cocaína entre Brasil e Europa
Membro da organização criminosa Ndrangheta, Vicenzo Pasquino havia sido preso em 2021 e aguardava processo de extradição
-
Mundo
17h33 de 25 de março de 2024
Presidente da Boeing deixará o cargo
Fabricante de aviões passa por uma crise de segurança após a explosão de painel
-
Mundo
15h52 de 25 de março de 2024
Conselho de Segurança da ONU aprova resolução de cessar-fogo imediato em Gaza
EUA se absteve na votação para facilitar aprovação do projeto, proposto por outros 10 membros do Conselho