Publicado em 22/09/2016 às 08h34.

Atire a primeira pedra aquele que nunca operou no Caixa 2!

Quer dizer que todos cometem ou já cometeram tal pecado, de resto, uma prática comum nos embates eleitorais até hoje

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“É a intenção, e não a doação, que faz o doador”

Gotthold Lessing, filosófo e poeta alemão (1729-1781)

(Foto: Divulgação).
Foto: Divulgação

 

A máxima aí – muito evocada pelos políticos no auge da Lava Jato – foi pinçada do episódio bíblico do Cristo com a mulher adúltera que seria apedrejada pela multidão e dele recebeu o perdão.

Quer dizer que todos cometem ou já cometeram tal pecado, de resto, uma prática comum nos embates eleitorais até hoje.

É aí que está o nó da questão, quando Geddel diz, e por isso causou rebuliço nos meios políticos, que não vê problema em o Congresso tratar com tranquilidade o projeto que anistia os praticantes do Caixa 2.

Não é bem assim. Tem problema, sim. E por dois motivos:

1 — Grande parte do Congresso está metida até o pescoço na Lava Jato, numa circunstância em que, quem abasteceu tais caixas (os empresários) está preso, enquanto os beneficiários, ou mais precisamente os políticos com mandato, não.

2 — Na condição de ministro, ficou parecendo estar falando pelo governo e aí o perdão para os pecadores viraria política de Estado, o que fez Temer pular fora.

Em suma, se esse Congresso que aí está, viesse a cuidar do assunto, estaria perdoando os pecados que os seus próprios integrantes cometeram.

Mais ou menos como ser juiz de si próprio.

Fantasmas endinheirados

Enquanto a polêmica da anistia do Caixa 2 agita Brasília, o TSE traz novas revelações sobre a campanha deste ano: 92,2 mil doações suspeitas, num montante de R$ 266 milhões, o que representa 27,9% do total já informado até agora.

E algumas são suspeitas suspeitíssimas: mortos fazendo doações, que ainda por cima são beneficiários do Bolsa Família.

O episódio, em si um absurdo, robustece outra convicção. O Caixa 2 virou cultura de cabo a rabo.

No caso em apreço, com um agravante: os mortos que saem do túmulo para distribuir dinheiro.

É o Caixa 2 alimentado por fantasmas.

Questão aberta

O projeto que dá aos PMs o direito de pegar outro emprego, o que antes era proibido, deixou um ponto vago para os deputados resolverem quando o recesso incubado gerado pela campanha eleitoral acabar.

A questão: e o policial vai poder se aposentar pelos dois? E se ambos forem pelo Estado, um como PM e outro como professor, por exemplo, como fica?

Greve indigesta

A greve dos bancários está perturbando a vida dos cidadãos muito mais do que parece. Piqueteiros postam-se nas portas das agências e até para tratar de algum assunto meramente burocrático o gerente tem que sair, porque eles não deixam o povo entrar.

Os protestos se multiplicam, como o do Sr. Antonio Santos Valverde, da Pituba:

— Comprei um carro e não posso pagar.

Em suma, a greve é contra o povo.

Alvo visível

Aliás, o Sindicato dos Bancários tenta sensibilizar a população com cartazes colocados nas portas das agências.

Um deles diz que o Itaú teve lucro só no primeiro semestre deste ano de R$ 10,75 bilhões, o Banco do Brasil R$ 4,82 bilhões, o Bradesco R$ 8,27 bilhões, o Santander R$ 3,47 bilhões e a Caixa R$ 2.40 bilhões.

O alvo é bem visível. Os bancos ganham muito e eles querem uma pontinha.

Aceno sertanejo

Em meio à seca que torra (literalmente) a agricultura sertaneja, o Senado aprovou o projeto de lei que permite a renegociação das dívidas de produtores rurais contraída de 2001 até dezembro de 2011.

O senador Roberto Muniz (PP) diz que foi uma questão de justiça:

— Mais de 1 milhão de agricultores do semiárido, 200 mil deles na Bahia, serão beneficiados. Isso atenua o flagelo da seca.

O projeto permite rebates (descontos) que podem chegar até a 95%.

Pastores das urnas

Os registros do TSE revelam que o número de pastores candidatos a prefeito, vice ou vereador em 2016 cresceu 61% em relação a 2012. São 287 contra 178.

Até parece que o céu é o poder.

Rebu no Canindé

O Ministério Público de Sergipe entrou na polêmica sobre a morte do ator Domingos Montagner, quinta passada, afogado no Rio São Francisco: quer que a Prefeitura de Canindé faça um monumento que reverencie as atividades circenses em homenagem ao artista.

A Prefeitura de Canindé é responsabilizada por não ter colocado placas sobre o perigo no local e de ter demitido os salva-vidas que trabalhavam na área.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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