De Ponta a Ponta – Resumo da semana
Mapa político de Eunápolis, Santo Antônio de Jesus, Guanambi, Conceição de Coité e Ipiaú
Em Eunápolis, no extremo sul da Bahia, o deputado estadual e ex-prefeito do município Robério Oliveira (PSD) dá as cartas e, para os seus aliados, só não será prefeito outra vez se não quiser. Em 2012, o atual parlamentar bancou a candidatura de Neto Guerrieri, que no começo da campanha eleitoral tinha apenas 3% de intenção de votos, mas acabou por vencer a eleição. Guerrieri rompeu com o seu padrinho político, se filiou ao PP, diz que não concorrerá à reeleição, mas age como candidato.
Já Robério Oliveira também não decidiu se será candidato ou apoiará outro nome. Se for, é tido como franco favorito na disputa. Porém, ele está envolvido com outra campanha a apenas 62 km de Eunápolis: a de reeleição da mulher dele, a prefeita de Porto Seguro, Cláudia Oliveira.
Maria Menezes (PSB) que já foi vice de Robério e é vice de Guerrieri, também mira a prefeitura. Para facilitar ainda mais a vida de Robério Oliveira, o ex-deputado estadual e também ex-prefeito Paulo Dapé (PMDB) caiu na Lei da Ficha Limpa e está inelegível.
Na cidade, há políticos que desejam se impor mais alto do que as belas palmeiras imperiais que ornamentam a praça principal de Santo Antônio de Jesus. São os pré-candidatos a prefeito para a eleição de 2016. No cume dessa competição, despontam o prefeito Humberto Leite (PDT), candidato à reeleição, e o deputado estadual Rogério Andrade (PSD), apontado como favorito a comandar a prefeitura local, a partir de 1º de janeiro de 2017. Os dois estão no mesmo espectro da situação, caminharam juntos, mas, agora, têm o mesmo projeto: Humberto quer permanecer no cargo, Rogério busca tomá-lo nas urnas.
Também desejam o comando da administração municipal o ex-prefeito Euvaldo Rosa (sem partido) e a ex-vice-prefeita Dalva Mercês, a Dalvinha, que perdeu a última eleição para Humberto Leite. Os dois lideram a oposição local, que conta também com Leonel Cafezeiro (PP), o advogado Hernani Mercês e os vereadores: Délcio Mascarenhas (PP), Antônio Nogueira, o Tom (PSB); Valdemar Farias, o popular Dema do Leite (PP), e Maria de Fátima, a Fátima do Bemfica (PP). Esse grupo iniciou conversações em busca da unidade, com o beneplácito do prefeito de Salvador, ACM Neto.
Por enquanto, uma coisa é certa para os eleitores de Santo Antônio de Jesus: tem gente querendo subir mais alto do que as palmeiras imperiais.
As urnas dirão o nome.
No mapa eleitoral da Bahia, Guanambi, no sudoeste da Bahia, a 796 km de Salvador, é conhecida desde 1986 como a terra de Nilo Coelho, vice de Waldir Pires que, em 1989, assumiu o governo do Estado. De lá para cá, entre altos e baixos, o ex-governador, ex-prefeito e ex-deputado federal, Nilo Coelho, que trocou o PMDB pelo PSDB, sempre deu as cartas na política local. Em 2016, ele não quer fazer diferente, já que pretende governar o município pela terceira vez. É o mais forte candidato a vencer a eleição.
Reeleito em 2012, o prefeito Charles Fernandes (PDT) não pode se candidatar. Fernandes é cria de Nilo, a quem sucedeu na Prefeitura, em 2010, quando o primeiro deixou a administração municipal para concorrer a vice-governador na chapa encabeçada por Paulo Souto (PFL), derrotado por Jaques Wagner (PT). Charles Fernandes foi reeleito e, em 2012, rompeu com o padrinho político. Hoje oscila entre três nomes para a sua sucessão: seu secretário de Planejamento, Jairo Magalhães; o vereador Hugo Costa (PSB), e a deputada estadual Ivana Bastos (PSD).
Apesar de favorito, Nilo Coelho enfrenta problemas de ordem legal, depois que a Justiça Federal bloqueou cerca de R$ 5 milhões de seus bens, de uma empresa e mais 11 pessoas, entre elas, o secretário municipal de Infraestrutura, Geovane Mercês Alves, além de integrantes de uma comissão de licitação e também particulares. As irregularidades teriam ocorrido durante a administração de Nilo Coelho, e seriam referentes a licitações para locação de caminhões, construção de casas populares e reforma de um colégio.
Se Nilo se tornar ficha suja, o grupo de Charles nadará de braçadas.
Em Conceição do Coité, município do nordeste da Bahia, a 210 quilômetros de Salvador, as eleições são regidas por uma inversão cromática que faz o PT azul e torna o DEM vermelho. Estranho, não? A metamorfose do matiz partidário tem origem nas disputas tradicionais da cidade: historicamente, os “azuis” representavam o grupo político que fazia oposição aos “vermelhos” liderados pelo ex-prefeito Hamilton Rios, pai do deputado estadual Tom Araújo, do Democratas. Como este grupo se opõe aos partidários do prefeito Assis, candidato à reeleição pelo PT, então, em Conceição do Coité, o DEM é vermelho e o PT azul. Deu para entender, agora?
O bipartidarismo cromático sempre se revezou no poder. Raramente o divide, como em 2014, quando o município elegeu dois deputados estaduais, o citado Tom Araújo, “azul”, e o “vermelho” Alex Lopes, o Alex da Piatã (PMDB). Em 2016 não será diferente: os “azuis” vão apoiar a reeleição de Assis. Os “vermelhos”, que prometem unidade, escolherão um dos três nomes que, no momento, se apresentam como pré-candidatos: o ex-deputado estadual Emídio Resedá, Ewerton Rios, o Vertinho, que foi prefeito por três vezes e está atualmente sem partido, e o médico Robson Cedraz (PSD). Dos três, Cedraz parece o mais determinado. “Vou ser candidato a prefeito pelos azuis”, tem repetido na cidade.
Já o deputado Alex da Piatã assegurou que não sai candidato e que apoiará o prefeito Assis. “Para promover mudanças significativas, o trabalho de Assis tem que continuar, enquanto, na Assembleia, eu continuarei buscando projetos para continuar melhorando a qualidade de vida de nossa gente”, afirmou.
Em Conceição de Coité (que tem cerca de 47 mil eleitores), o prefeito atual tem a vantagem da máquina administrativa, mas, na aquarela das urnas, a vontade do eleitorado pode mudar, como as cores na paleta do artista. Azul ou vermelho? Façam as apostas.
Ipiaú, no sudoeste do Estado, teve um prefeito que virou lenda na política da Bahia: Euclides Neto (1925-2000), pecuarista e escritor que, nos anos 60 do século passado, em plena ditadura militar, desapropriou uma área de 167 hectares para assentar dezenas de famílias de agricultores sem-terras, e fundar a “Fazenda do Povo”, experiência pioneira de reforma agrária no país.
Na cidade, ainda hoje, há quem diga, principalmente os mais velhos, que Ipiaú nunca teve um prefeito como Euclides Neto. Mas tem muita gente que gostaria de ocupar (ou reocupar) a cadeira que já foi do político e escritor. O prefeito Deraldino Araújo (PMDB) sabe os nomes. Reeleito em 2012, ele deverá apoiar o empresário e ex-deputado estadual Cleraldo Andrade (DEM). Aparecem também como nomes à sucessão do prefeito Maria das Graças César Mendonça (PP), mulher do ex-prefeito José Mendonça, Cezário Costa (PDT), que disputou e perdeu a eleição passada para Deraldino, por 58,83% dos votos contra 42%, e o vereador Jean Kleber da Silva Cunha (PTdoB).
Por ora, Maria das Graças aparece com mais força, seguida de Cezário, que é irmão do ex-prefeito Dr. Bira. Cleraldo poderá crescer, “na medida em que o prefeito assumir a candidatura dele e trabalhar por ela”, como observa o ex-deputado estadual Éwerton Almeida (PP), hoje, assessor parlamentar da liderança da minoria na Assembleia Legislativa e conhecedor da política na região.
De acordo com o jornalista José Américo Castro, do site Giro em Ipiaú, uma outra preocupação ronda os oposicionistas, os rumores da existência de pesquisas encomendadas para consumo interno dos partidos políticos. Segundo ele, “esses pretendentes e virtuais candidatos aparecem nas últimas colocações, uma espécie de repescagem na classificação dos preferidos do eleitorado, o que torna a situação ainda mais preocupante, já que se trata de nomes que estão em campanha desde o final das últimas eleições de 2012”.
Verdade cristalina ou factoide de pré-campanha, o fato é que cada um se prepara, como pode, para ocupar a prefeitura a partir de 1º de janeiro de 2017. Quem será? Não demora e logo saberemos, afinal, como diz o título de um livro póstumo de Euclides Neto, o tempo é chegado.
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