Publicado em 12/04/2016 às 10h40.

Derrota na Comissão faz Planalto investir contra Temer

Governo passou a tratar abertamente o peemedebista como "conspirador do golpe" e já fala até em renúncia do vice, caso o impeachment seja derrotado

Agência Estado
Fotos: Lula Marques/ Fotos Públicas
Fotos: Lula Marques/ Fotos Públicas

 

Num dia em que foi derrotado na Comissão Especial do Impeachment e em que o vice Michel Temer deixou vazar um áudio em que se adianta ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, o governo passou a tratar abertamente o peemedebista como “conspirador do golpe”, a fim de evitar que ele ganhe apoio até a votação do parecer no fim de semana. Coube ao ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência, Jaques Wagner, o ataque mais incisivo: ele pediu a renúncia de Temer, caso o impeachment seja derrotado no plenário da Câmara.

“Se Temer for desmentido no domingo, só sobraria a ele a renúncia ao cargo”, declarou Wagner, para quem o vice “assumiu a conspiração” e com quem disse não ver mais qualquer hipótese de diálogo.

Ao comentar o resultado da comissão, que aprovou a continuidade do processo por 38 votos a 27, o ministro reconheceu que o placar “era o esperado”, mas atingiu o mínimo previsto no Palácio do Planalto – a expectativa era obter apoio de 27 a 32 integrantes do colegiado contrários ao parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO).

Segundo Wagner, Dilma já estava no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, quando a votação no colegiado foi encerrada, ontem à noite. Ela comentou que “infelizmente a derrota era prevista”, conforme o ministro, que procurou demonstrar otimismo para a votação envolvendo todos os 513 deputados: “Vamos lutar pela vitória no plenário até o último instante”.

Os votos obtidos pelo governo, segundo Wagner, representaram 41,5% do total da comissão. Projetando isso para o plenário, de acordo com o ministro, Dilma conseguiria até 213 votos na Câmara, ou seja, 41 votos a mais que o mínimo de 172 necessários para rejeitar o afastamento da presidente – a aprovação do processo no plenário depende necessariamente do apoio de 342 dos 513 deputados. Mas Wagner acredita que o resultado pode ser ainda melhor.

Para justificar, o ministro disse que dois votos certos pró-governo não se concretizaram na comissão: o deputado Washington Reis (PMDB-RJ) não pôde comparecer, por motivos de saúde, e o deputado Bebeto Galvão (PSB-BA) não votou para não contrariar a orientação do partido favorável ao impeachment. Ambos foram substituídos por suplentes que votaram contra o governo, mas Bebeto, por exemplo, estará liberado no plenário para apoiar o Planalto.

Indecisos- O governo vai continuar investindo nos deputados que se dizem indecisos. Também haverá uma ofensiva para resgatar parlamentares que eram favoráveis ao governo, mas estão se posicionando pelo afastamento da presidente.

Confiante na vitória do governo no plenário, Wagner falou em “repactuação nacional”, embora reconheça que a Câmara possa abrir um novo processo de impeachment, a partir de um dos nove pedidos protocolados na Casa. “Mas só se quiserem atrapalhar o Brasil.”

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