Publicado em 22/12/2015 às 11h57.

Dilma sobre impeachment: ‘não vivemos em um regime parlamentar’

Presidente interrompeu o seu discurso para pedir “calma” aos mais exaltados e falou sobre democracia e processo de impedimento

Evilasio Junior
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

 

Em meio às conturbações da cerimônia de inauguração da Estação Pirajá, que virou palco de troca de “amabilidades” entre militantes pró-prefeito ACM Neto (DEM) e em favor do PT, a presidente Dilma Rousseff interrompeu o seu discurso para pedir “calma” aos mais exaltados.

Ela falava do projeto de recuperação do Rio São Francisco, cuja meta é ”construir condições para a população conviver com a seca”, mas após um acesso de tosse – pausa utilizada para novas manifestações políticas – resolveu falar de “democracia” e “impeachment”. “O pessoal está bastante entusiasmado. Deixem as manifestações continuarem porque isso é intrínseco à nossa democracia. Nós trabalhamos muito na vida para as pessoas terem o direito de se manifestar quando quiserem. No Brasil, nós temos hoje uma democracia que nós conquistamos a duras penas. Pessoas lutaram por ela, foram torturadas, morreram por ela e deram o melhor de si, inclusive as suas vidas”, declarou a mandatária, ao solicitar que não houvesse intervenção da segurança do evento.

Na sequência, ela comentou o processo de impeachment aberto contra ela pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Impeachment em si não é golpe, porque está previsto na Constituição. Vira golpe quando não há qualquer fundamento legal para projeto de impeachment”, defendeu-se a petista. “Não há fundamento legal porque tenho uma vida ilibada. No meu passado e presente não há nenhuma acusação fundada contra mim. Do outro lado, a Constituição diz que há impeachment quando há crime de responsabilidade. Eu sequer fui julgada”, completou.

No entendimento de Dilma, há dois fatores que tentam reforçar a teoria de que o melhor para o país é o seu afastamento. “O primeiro é muito grave, que é a tese do quanto pior melhor. É pior para o povo brasileiro e melhor para uns poucos. Temos que garantir que o Brasil volte a crescer e a gerar empregos. A segunda é muito clara: não vivemos em um regime parlamentar”, disparou a presidente, sem citar diretamente o nome de Cunha. “Querer encurtar o tempo e perder as eleições sistematicamente não são alegações previstas na Constituição”, comparou, ao exaltar os 54 milhões de votos que obteve no pleito de 2014. Ao concluir a sua fala, Dilma Rousseff pediu que o final de ano seja um “momento de reflexão” para o povo brasileiro.

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