Publicado em 02/02/2016 às 18h40.

Esposa de lobista confirma pagamento à empresa de filho de Lula

Em depoimento à Justiça Federal, Cristina Mautoni diz ter autorizado depósito de R$ 2,4 milhões para Luís Cláudio Lula da Silva

Folhapress

lulinha

 

Esposa do lobista Mauro Marcondes, Cristina Mautoni confirmou à Justiça Federal ter assinado o pagamento de R$ 2,4 milhões à empresa do filho do ex-presidente Lula, Luís Cláudio Lula da Silva.

O depósito foi feito pela consultoria Marcondes e Mautoni, empresa da qual ela é sócia do marido. A transferência é investigada pela Operação Zelotes.

Cristina, em depoimento nesta terça-feira (2), disse que, embora seu nome conste na organização societária da empresa, ele não participava dos negócios tocados por Mauro Marcondes e que não leu o relatório entregue pela LFT à Marcondes e Mautoni.

Ela afirmou, porém, que ao saber que o filho de Lula era o destinatário da transferência, interpelou o marido.

“Quando vi filho do Lula, eu disse (para Mauro Marcondes): ‘Você está contratando filho do Lula?’ Ele começou a falar do idealismo dele, ele me disse que era para o centro de exposições, como todos os outros projetos”, contou.

Ela argumentou ainda que confiava no marido, uma vez que jamais teve de fazer qualquer operação financeira em dinheiro vivo.

“Nunca paguei R$ 4 milhões ao PT. Os pagamentos que eram TED ou depósito bancário. Ele (Marcondes) não me pedia para pagar em dinheiro. Se ele me pedisse, eu largaria ele na hora”, afirmou, sem dar detalhes sobre uma eventual transação para o PT.

Cristina, ré na ação penal originária da Operação Zelotes, disse que sua participação na empresa se limitava a trabalhos burocráticos e que seu marido não admitia que ela fizesse pagamentos sem anuência dele.

“Ele (Marcondes) dizia que teve chefe a vida inteira e que agora não teria a própria mulher como chefe”, contou.

Acrescentou que, em consequência do estado de saúde de seu pai, afastou-se completamente da consultoria. A partir de então, a função de auxiliar Marcondes passou a ser desempenhada por uma secretária, segundo ela.

“Meu marido não consegue mexer em computador, não se adaptou a essa tecnologia. Eu recebia a maioria dos e-mails para imprimir e dar para ele”, afirmou, reiterando que não tinha nenhum detalhe sobre os negócios feito por Marcondes.

Disse que seu marido dizia apenas que fazia “serviço institucional” para as empresas que não possuíam um departamento específico para isso.

Ela afirmou que assinava os contratos da Marcondes e Mautoni por orientação do advogado da empresa, segundo ela, para evitar que os filhos do primeiro casamento do lobista a criticassem.

“Tinha um contrato que eu assinei, eu assinava todos os contratos. Eu sempre acreditei no meu marido: 50 anos de indústria automobilística e 30 anos de Anfavea…”, justificou.

Presente – Cristina também confirmou em juízo que foi apresentada a dois outros lobistas presos na Zelotes: José Ricardo da Silva e Alexandre Paes dos Santos. Disse, no entanto, que teve apenas contatos rápidos e protocolares com ambos.

Assim como a própria Cristina e Mauro Marcondes, eles são acusados de participar de um esquema de compra de medidas provisórias que concederam incentivos fiscais ao setor automotivo.

Perguntada se conhecia o ex-chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, a esposa do lobista disse que não, mas admitiu ter enviado um presente quando soube que ele havia adotado duas crianças.

“Nunca vi (Gilberto Carvalho). Meu marido disse que ele tinha adotado duas crianças. Eu fiquei tocada de ele ter adotado duas crianças pobres. ‘Eu falei porque você não dá essas bonecas para essa duas meninas?'”, justificou.

A respeito da relação com Lula, Cristina disse que sabe apenas que seu marido esteve com o presidente na época em que o petista era líder sindical. Afirmou que as secretárias reclamavam da dificuldades de agendar uma audiência no Palácio do Planalto após Lula assumir a presidência.

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