Publicado em 28/04/2016 às 20h10.

Nobel da Paz diz no Senado que impeachment de Dilma é ‘golpe’

A declaração gerou discussão dos senadores, que cobraram do presidente em exercício da Casa, o petista Paulo Paim (PT-RS), a retirada da fala do ativista

Agência Estado
Adolfo Peréz Esquivel (Foto: Reprodução)
Adolfo Peréz Esquivel (Foto: Reprodução)

 

Em visita ao Senado, nesta quinta-feira (28), após ter se encontrado com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, 84 anos, causou tumulto ao dizer em plenário que há um “possível golpe” em curso no País. A declaração gerou discussão dos senadores, que cobraram do presidente em exercício da Casa, o petista Paulo Paim (PT-RS), a retirada da fala do ativista argentino de direitos humanos.

“Creio que neste momento há grandes dificuldades (oriundas) de um possível golpe de Estado, mecanismo que já se usou em outros países do continente, como em Honduras e no Paraguai, que utilizaram a mesma metodologia”, disse Esquivel.

Primeiro a protestar, o senador tucano Ataídes Oliveira (TO) cobrou a retirada da expressão das notas taquigráficas. “Esse parlamento jamais poderia ter deixado este senhor, com toda a história que respeitamos, dizer que o Brasil está próximo de um golpe, não admito como senador assistir a uma cena como essa”, criticou. Paulo Paim, contrário ao impeachment de Dilma, disse que não teve qualquer intenção de usar a fala de Esquivel para mandar qualquer recado e que havia advertido o Nobel da Paz sobre o pronunciamento que iria fazer.

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), afirmou que não se pode dar a palavra a pessoas que não sejam senadores. “Senão, vira uma esculhambação. Vou trazer um convidado meu, que não tem voto popular, que não tem a delegação do povo e que, em plena sessão deliberativa do Senado, fará um discurso?”, questionou o tucano, ao ressalvar que Paim não agiu de má-fé ao franquear a palavra a Esquivel.

Os governistas, no entanto, lembraram que a dissidente cubana Yoani Sánchez discursou na Congresso a convite da oposição, em 2013. Alguns senadores da oposição se queixaram que Pérez Esquivel estivesse se imiscuindo em assuntos internos brasileiros, mas foram rebatidos e lembrados de uma comissão liderada por Aécio Neves e Ronaldo Caiado que chegou a ir à Venezuela em junho do ano passado para discorrer sobre a política do país. O presidente em exercício do Senado negou ter tido a intenção de se aproveitar da fala de Esquivel e decidiu retirar a expressão ‘golpe’.

 

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