Publicado em 05/11/2015 às 11h13.

O jogo do bicho: hipocrisia e demagogia, por Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos

Enfim, governo e oposição acenam com a construção de uma agenda positiva em alguma coisa. E justamente no jogo, o do bicho incluso.

Como se estivessem vislumbrando a galinha dos ovos de ouro. Ora bolas, a galinha sempre existiu e dela o governo sempre tirou proveito. Não tirou mais porque a hipocrisia temperada com a demagogia cegou a visão oficial.

A questão é elementar: o jogo do bicho, por exemplo, o lastro que baseia a proibição nada tem de ético, princípios morais ou que tais. É apenas o freio na concorrência. Como se ao governo fosse dado o privilégio dos jogos de azar.

O argumento de que o bicho é associado a outras práticas criminosas também é falácia. Se assim o fosse, não haveria empresas de fachada para tamponar falcatruas e nem a Lava Jato estaria desnudando o submundo podre da propinagem, tudo com atividades não só legais, mas também imbricadas com atos oficiais.

Os jogos governamentais concentram-se na Caixa Econômica Federal, que arrecada, segundo estimativas do ano passado, algo em torno de R$ 3,5 bilhões.

Agora, segundo o deputado Elmar Nascimento  (DEM), o baiano que preside a Comissão do Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, com a legalização de cassinos, bingos e jogo do bicho, vislumbra-se arrecadar algo em torno de R$ 20 bilhões a partir de um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas.

A julgar pela experiência das loterias da Caixa, pode ser que não seja tanto. E nem que as expectativas de gastar o dinheiro em saúde e segurança se confirme.

O que o governo quer mesmo é tapar o rombo no Orçamento. O que não impede se acabar com a prática hipócrita dos nossos dias.

Afinal, diz-se que o dinheiro das loterias é gasto em educação, segurança, cultura e esporte. Pois sim. Os governos, tradicionalmente suprime outras fontes que abastecem o setor.

Seja lá como for, com governo ou sem governo, o bicho já pegou. Cassinos e bingos é que ainda vão pegar.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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