Publicado em 08/06/2017 às 08h35.

Pesquisa do Paraná apenas carimba que ACM Neto é candidato competitivo

Entre as águas a rolar uma é para já: Temer fica ou cai? Se fica, é um cenário. E Lula vai ser candidato? Se sim, muito ajudaria Rui. Se não, quem vem lá?

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa sem o seu consentimento.”
Abraham Lincoln, ex-presidente dos EUA (1809-1865)

Foto: Roberto Viana/ Ag. Haack/ bahia.ba
Foto: Roberto Viana/ Ag. Haack/ bahia.ba

 

Lógico que estar na dianteira de uma pesquisa é sempre bom. Como diz o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB), é estímulo, não berço esplêndido. É um indicativo, como essa consulta do Instituto Paraná, encomendada pela Record, que dá 54,5% a ACM Neto e 24% a Rui.

Se é que é isso, a pouco mais de um ano e três meses, apenas carimba o que já é senso comum: embalado pela grife do avô e o trabalho como prefeito, Neto é um candidato competitivo. E só.

Entre as águas a rolar uma é para já: Temer fica ou cai? Se fica, é um cenário. Tucanos e democratas teriam que se rebolar para sugar bônus sem ônus de um governo melado na corrupção, algo impossível. Ou pular fora.

Se cai, os aliados dele vão fincar pé pelas eleições indiretas já em nome do respeito à Constituição, caso em que o nome é Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, amigo de Neto, mas também citado na Lava Jato, nas delações da Odebrecht. No que vai dar?

Sabe Deus. E como também é ele quem pode responder outra pergunta: e Lula vai ser candidato? Se sim, outra pesquisa do Vox Populi mostra ele com 40% das intenções de voto, mais de 60% na Bahia.

Se sim, muito ajudaria Rui. Se não, quem vem lá? E na banda de Neto, já que Aécio Neves evaporou, quem?

Em síntese, até lá há muita água a rolar.

Sobre pesquisas

O que vou dizer aqui é assunto muito debatido nos núcleos acadêmicos de pesquisas, a área dos estatísticos.

1 — Quem confere acerto de pesquisa é urna. Daí é comum resultados disparatados entre os números delas e das urnas. A Bahia é pródiga nisso. Assim foi com Jaques Wagner em 2006 e Rui Costa em 2014. Erraram também contra ACM Neto. A vitória, com 77% dos votos, foi 10 pontos a mais dos 67% que ele atingiu em uma pontuação máxima.

2 — Uma pesquisa respeitável tem que repartir a população por idade, gênero e grau de instrução rigorosamente em partes iguais nas proporções equivalentes. Ora, a Bahia é quase do tamanho da França. Institutos de pesquisa ouviam gente de apenas 36 municípios. Depois do fiasco de 2006, quando todos erraram, não viram a vitória de Wagner sobre Paulo Souto, passaram a adotar 84. Eis a questão: e 84 representa 415?

Nesses 84 estamos admitindo de que não houve fraude nos formulários, vezes pelo próprio pesquisador. Ainda mais em um cenário distante do ponto de conferência, a urna. E por aí havemos de convir: 84 para 415 é uma baita diferença, por isso os institutos erram tanto na Bahia. Mas dá um indicativo. Isso lá é.
Para quem elabora estratégias políticas, administrativas ou eleitorais então, são fundamentais, especialmente as qualitativas, aquela que se vai buscar o sentimento popular.

Também há outro fato: a literatura prova cada vez mais que pesquisas influenciam pouco. O povo vota em quer. Em suma, é bom que elas existam. Feitas como manda o figurino dá um bom diagnóstico do cenário pesquisado.

Fora disso, desconsidere.

Neto mantém cautela

Enquanto os aliados soltaram foguetes, ACM Neto foi cauteloso ao falar sobre o resultado da pesquisa:

— Ainda é muito cedo para se falar em 2018. Vou continuar trabalhando por Salvador e cuidar de eleição no momento certo.

André ironiza

Acometido por uma virose, Rui Costa cancelou a agenda e está fora de campo. Mas ontem, em entrevista a Mário Kertész, na Metrópole, André Curvello, secretário de Comunicação, ironizou:

— Esse instituto o mesmo que elegeu Aécio Neves presidente da República.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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