Publicado em 16/11/2016 às 09h00.

Youssef estimulou presos da Lava Jato a fazer delação

Doleiro vai cumprir o resto de sua pena prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica

Redação
Um dos condenados, o doleiro Alberto Youssef. (Valter Campanato/Agência Brasil)
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

 

Após dois anos e quatro meses preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba, o doleiro Alberto Youssef irá para casa nesta quinta-feira (17). Detido na primeira fase da Lava Jato, em 2014, ele foi o terceiro réu a firmar acordo de delação premiada na operação.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo desta quinta-feira (16), a efetividade de suas contribuições, que revelaram o esquema de corrupção de nomes omitidos por outros delatores, como o do ex-deputado Eduardo Cunha, por exemplo, que rendeu a Yousseff um dos acordos mais vantajosos.

Após três anos de prisão, o doleiro progrediria para o regime aberto. Em 2015, a pena, reduzida para dois anos e oito meses devido à “efetividade”, teve bônus. Agora ele ganhou permissão para cumprir os últimos quatro meses em prisão domiciliar, em que usará tornozeleira eletrônica.

Entre os convencidos pelo doleiro estão o ex-vereador Alexandre Romano, o Chambinho, preso, em 2015, e Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, que teve a sua primeira delação rejeitada pela PF e fez uma nova tentativa após receber orientações de Yousseff, que teria dado dicas de “lidar com os agentes”.

Conselheiro “oficial”- Um ex-colega de cela relatou que Youssef, por ser o mais antigo, tem papel de conselheiro para outros presos. Quando consultado, o doleiro sempre diz que a saída é colaborar. Agentes da PF relataram à Folha que, quando havia interesse de alguém colaborar, a pessoa era colocada na mesma cela do doleiro. Oficialmente, a PF nega o fato.

Procuradores afirmam que nunca deram a Youssef a missão de defender a delação, no entanto, acreditam que ele tirou vantagem disso, já que a sua colaboração se tornava mais efetiva à medida em que outras a corroboravam.

Um de seus advogados, Tracy Reinaldet, diz que seu cliente não foi incentivador da colaboração, mas admite que “ele gosta de resolver problemas”. “Teve quem resolvesse a vida sem fazer colaboração na Lava Jato?”, indagou.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.