Publicado em 02/12/2020 às 10h39.

Conselho Federal de Medicina alerta que acupuntura só pode ser praticada por especialistas

Colégio Médico Brasileiro de Acupunturara (CMBA) embasa alerta e indica possíveis complicações se método for feito sem profissionais especializados

Redação
Foto: Divulgação/Assessoria
Foto: Divulgação/Assessoria

 

Já se vão quase 20 anos de discussão sobre quais profissionais podem exercer a acupuntura. De um lado o Conselho Federal de Medicina (CFM) determinou que acupunturiatras especializados, dentistas e veterinários, cada qual em sua área de atuação, estão habilitados a praticá-la por se tratar de um procedimento médico.

No entanto, de outro entidades que representam várias outras profissões que se aventuram na prática alegam estarem aptas, atuando deliberadamente e, segundo o CFM, pondo em perigo o paciente e faltando com a ética profissional.

Presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA), o acupunturiatra Fernando Genschow alerta que, por mais que esse método terapêutico tenha se popularizado no país, é um grande equívoco associar a acupuntura a uma imagem holística, transcendental, espiritual, como “agulhinhas do bem”, que promoveriam a sensação de bem estar e relaxamento igualmente à uma massagem.

“Infelizmente, a essência da acupuntura, que é a inserção de agulhas no corpo para promover a saúde e tratar dores, várias doenças e disfunções orgânicas, como neurológicas, ortopédicas, respiratórias, tendo papel importantíssimo na prevenção e também como coadjuvante no tratamento oncológico e no pós cirúrgico, está distorcida”, afirma o presidente.

Segundo ele, a prática vem sendo constantemente associada, de forma absurda ao bem-estar ou até mesmo a uma espécie de ‘spa’ para que as pessoas possam relaxar. “É importante que todos saibam que o método só pode ser exercido por médicos, justamente porque através de um diagnóstico é que entra a acupuntura, prevenindo e tratando a dor, repito, tendo um papel importantíssimo na prevenção”, acrescenta Genshow.

Ele ressalta ainda que todos os profissionais que não sejam acupunturiatras, dentistas ou veterinários e atuam com o respaldo de seus respectivos conselhos estão extrapolando suas funções. “A acupuntura não é só colocar agulhas. O objetivo é atingir inervações específicas. Antes de tudo tem que ter um diagnóstico de doença. Depois, um prognóstico e, por último, uma intervenção invasiva”, explica.

Munido de um dossiê de complicações causadas por acupuntura, o acupunturiatra alerta que existem as reações leves, como tontura, vertigem, sudorese e síncope (desmaio), mas também as graves, como perfuração de tecidos, nervos, pulmão, sangramentos, infecções bacterianas e virais que podem causar endocardite (no coração), além de transmissão de hepatite B e C, HIV e até levar o paciente ao óbito. “Estamos falando de vidas e isso é o que mais importa”, conclui.

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