Publicado em 11/10/2025 às 06h00.

Dia de Prevenção da Obesidade: saiba como manter peso saudável e evitar doenças

Especialistas explicam a importância da alimentação equilibrada, exercícios físicos e acompanhamento profissional para melhorar a qualidade de vida

João Lucas Dantas
Foto: Freepik

 

O Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, celebrado neste 11 de outubro, foi instituído pela Lei nº 11.721 de 2008, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de práticas de prevenção e controle da obesidade, como alimentação adequada e atividade física. Em razão da data, o bahia.ba conversou com profissionais da área da saúde para debater o assunto.

Para a nutróloga Suzana Viana, médica com especialidade em nutrição, que atua auxiliando pacientes com problemas gastrointestinais, lipedema, disbiose, obesidade, menopausa e fertilidade, a condição acaba se tornando o “ponto de ajuste” das pessoas nesta situação.

“Um dos conceitos centrais para compreender a obesidade é o do “set point”, uma espécie de “programação” biológica do organismo que tende a manter o peso corporal dentro de uma faixa pré-determinada. Quando uma pessoa permanece por meses acima do peso, esse ponto de ajuste regula-se para cima e passa a registrar esse novo patamar como o peso normal. O problema é que, segundo as evidências científicas, ele não regula mais para baixo, o que explica a cronicidade da doença”, esclarece Suzana.

Segundo a especialista, quando alguém obeso emagrece, o corpo interpreta a perda de peso como uma ameaça à sobrevivência e aciona mecanismos de defesa do corpo. “O metabolismo basal diminui, fazendo gastar menos energia; o apetite aumenta, devido à liberação de hormônios como a grelina, que estimula a fome; e há uma redução na produção de leptina, hormônio responsável pela saciedade. Essas respostas dificultam a manutenção do peso perdido e favorecem o reganho, tornando-se uma condição recorrente e de difícil controle sem acompanhamento profissional contínuo”, aponta.

Nutróloga Suzana Viana
Foto: Divulgação/ Assessoria

 

Importância de bons hábitos

Neste sentido, entra a importância fundamental de manter uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos, como lembra a seguir o professor de educação física, Cristiano Freitas.

“O principal objetivo da atividade é justamente a prevenção, tanto da obesidade quanto de outros problemas de saúde. A prática, especialmente a musculação, precisa também estar sempre alinhada com uma boa alimentação. Nós, como professores de Educação Física, incentivamos que as pessoas realizem pelo menos 30 minutos de atividade diariamente. Esse tempo já é suficiente para ajudar a evitar diversos tipos de comorbidades no nosso corpo”, pontua o profissional que atua na área há 10 anos.

Para Suzana, a alimentação é a prevenção tanto do controle do peso, como garante o fornecimento adequado de nutrientes e energia, de forma que respeite as necessidades individuais de cada um. “O acompanhamento médico e nutricional é essencial, já que permite identificar causas e consequências metabólicas associadas ao ganho de peso, planejar uma alimentação personalizada — ajustando calorias, macronutrientes e horários —, monitorar resultados e possíveis carências nutricionais, além de favorecer mudanças sustentáveis de estilo de vida, evitando dietas restritivas e o conhecido efeito sanfona”, expressa.

Professor Cristiano Freitas em entrevista ao bahia.ba
Foto: Vinícius Xavier/ bahia.ba

 

Peso saudável não é sinônimo de aparência

Aqui também é importante reforçar que o peso saudável é sinônimo de saúde e não de aparência. Para a nutróloga, o foco deve estar na qualidade de vida, na disposição e na prevenção de doenças, não em padrões estéticos.

“Para mudar essa percepção, é necessário que a comunicação sobre o tema destaque os benefícios funcionais de hábitos saudáveis, como a melhora do sono, do humor e da imunidade. Profissionais de saúde devem abordar o assunto com empatia, sem julgamentos, e a população precisa ser constantemente informada sobre os riscos metabólicos e cardiovasculares da obesidade. Mostrar exemplos de melhora clínica independente da estética, como a redução da pressão arterial ou da glicemia, também ajuda a transformar essa mentalidade”, afirma.

Para Cristiano, a prática da atividade física também encontra um grande desafio nos dias de hoje, com a competição da atenção com o uso excessivo de aparelhos na sociedade. “Celulares, redes sociais e jogos. Isso tem tomado muito espaço, tanto entre os adultos quanto entre os jovens. Muitos preferem ficar sentados no sofá, conectados às telas, em vez de sair para caminhar ou ir à academia. Além disso, o consumo de fast food também contribui para esse comportamento mais sedentário”, atribui o professor.

Contribuição clínica do exercício físico 

Do ponto de vista clínico, o exercício físico se torna um pilar essencial na prevenção. “Ele aumenta o gasto energético, ajuda no controle do peso, preserva e desenvolve a massa magra, melhorando o metabolismo. Além disso, reduz o estresse, melhora o sono, fatores diretamente ligados ao controle do apetite, fortalece o sistema cardiovascular e ósseo, aumenta a sensibilidade à insulina e melhora o perfil lipídico. A recomendação geral é a prática de pelo menos 150 minutos semanais de atividade física moderada, combinada com treinos de força duas ou mais vezes por semana”, diz Suzana.

Para quem busca formas de iniciar uma vida mais saudável, algumas estratégias se tornam essenciais para promover o bem-estar. Entre elas, priorizar alimentos naturais e minimamente processados.

“Comer com atenção plena, evitando distrações e respeitando os sinais de fome e saciedade também é importante; reduzir o consumo de bebidas açucaradas e álcool; dormir bem e manter horários regulares de sono; fazer pausas ativas ao longo do dia, incluindo movimento na rotina, como subir escadas, caminhar e alongar-se; beber água regularmente; e gerenciar o estresse com práticas como meditação, lazer e convivência social”, concluiu Suzana.

Para Cristiano, o primeiro passo é se desafiar. “Começar, nem que seja com uma caminhada. Caminhar é a atividade mais acessível que existe — não custa nada. Até ações do dia a dia, como fazer uma faxina ou sair para passear com o cachorro, já são formas de exercício físico. Então, o importante é começar e manter a regularidade”, encerra o profissional.

João Lucas Dantas
Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA

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