Sem tabu: Médica alerta para cuidados no sexo anal
Profissional também orienta sobre como ter uma relação segura e prazerosa
A participação em relações anais heterossexuais entre jovens de 16 a 24 anos aumentou de 12,5% para 28,5% nas últimas décadas. Tendências semelhantes são observadas nos EUA, onde 30 a 44% dos homens e mulheres relatam ter feito sexo anal. Mas, como em toda relação, é importante estar atento aos riscos e buscar tomar os cuidados necessários. É o que alerta a coloproctologista Glícia Abreu.
“Embora venha se tornando uma prática sexual comum, o sexo anal não é desprovido de riscos. Sabe-se que este comportamento sexual é de maior risco para a transmissão do HIV em comparação com outras formas de sexo, como sexo vaginal ou oral”, explica.
Além disso, sendo a região anal desprovida de células que promovem a lubrificação durante o ato e com um epitélio de revestimento mais frágil do que a vagina, lesões podem ocorrer durante a relação. A médica aponta também para o aumento do risco de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (iSTs) e ocorrência de fissura anal, abscesso e fístula.
Para quem tem hemorroida, o sexo anal sem lubrificação adequada pode causar irritação desses coxins vasculares. Apesar disso, Glícia ressalta que o sexo anal não causa hemorroidas.
Alguns autores também vêm associando o sexo anal com a ocorrência de incontinência fecal, decorrente do traumatismo no esfíncter anal durante a relação. Dessa forma, percebe-se a importância de se alertar sobre esses possíveis riscos e informar sobre condutas a serem adotadas durante a prática do sexo anal.
“É fundamental que os profissionais de saúde não se sintam constrangidos em abordar esse assunto com seus pacientes. Ao não abordar o assunto, os profissionais podem estar privando os pacientes de informações extremamente importantes e que poderiam levar a uma prática mais consciente e segura”, reforça Glícia.
Dicas importantes
Glícia Abreu adverte que, tomando alguns cuidados, o sexo anal pode ser seguro e prazeroso. A primeira orientação é simples, mas muito importante: sempre fazê-lo quando realmente tiver vontade. Sabe-se que 25% das mulheres que praticam o sexo anal já o fizeram, pelo menos por uma vez, por pressão do parceiro. Dessa forma, ao não estar relaxada, a musculatura da região anorretal pode também ficar tensa, tornando difícil a penetração, ocasionando, com isso, lesões no epitélio de revestimento e na própria musculatura esfincteriana.
Outra dica importante é sempre usar lubrificantes à base de água para facilitar a penetração e evitar o atrito durante a relação. Também pare, caso sinta e desconforto ou dor.
O uso de preservativos é imprescindível para diminuir o risco de ISTs, especialmente quando existem múltiplos parceiros. Um cuidado especial ao utilizar preservativos é não usar lubrificantes com vaselina. Essa substância danifica o preservativo, tirando a sua função de proteção. Também é necessário evitar cremes espermaticidas, pois podem causar irritação no local.
Uma crença existente é de que o sexo anal poderia proteger a mulher de uma gravidez, mas essa relação sem métodos contraceptivos pode favorecer uma gravidez indesejada.
“Oferecer informações sobre o sexo anal é imprescindível para torná-lo mais seguro e prazeroso”, conclui a médica.
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