Publicado em 08/12/2015 às 16h48.

Conselho de Ética rejeita adiamento de votação do caso Cunha

Requerimento apresentado pelo deputado Manoel Júnior (PB), aliado do presidente da Câmara, mas foi derrubado pelo plenário

Agência Estado

O Conselho de Ética votou na tarde desta terça-feira (8) um requerimento de retirada de pauta para adiar, por cinco dias, a votação do parecer prévio que pede a continuação do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O requerimento foi apresentado pelo deputado Manoel Júnior (PB), aliado de Cunha, mas foi rejeitado pelo plenário.

O presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA), esgotou a sessão de debates nesta tarde. Ao total, mais de 13 parlamentares discursaram durante a sessão. O próximo passo é iniciar a votação do parecer prévio.

Para livrar Cunha da admissibilidade da ação, os deputados citaram supostas injustiças cometidas contra parlamentares que foram cassados ou passaram por processos por quebra de decoro e enfatizaram que Cunha pode ser condenado injustamente. A situação de Cunha chegou a ser comparada a Tiradentes e Joana D’Arc. “Conselho de Ética não é tribunal de inquisição”, insistiu o peemedebista Manoel Júnior (PB). Foram citados os casos do ex-deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e o petista Professor Luizinho (SP), que se livrou da cassação em plenário, mas foi absolvido em processo no Supremo Tribunal Federal (STF) no caso do mensalão.

Plenário da Câmara dos Deputados. 03/12/2014 REUTERS/Ueslei Marcelino
Plenário da Câmara dos Deputados 03/12/2014 REUTERS/Ueslei Marcelino

Os petistas ficaram à vontade para defender a continuidade do processo contra Cunha. Valmir Prascidelli (PT-SP) acusou o presidente da Casa de agir de forma revanchista ao abrir o processo de impeachment contra a presidente Dilma. “O impeachment não tinha fundamento, mas ele o fez na condição de quem quer ver o Brasil sair dos trilhos”, concluiu.

Durante a sessão, um grupo de manifestantes que trouxeram cartazes contra Cunha foram impedidos de mantê-los aberto no plenário. Os cartazes traziam os dizeres: “Não ao golpe”, “Mais sujo que pau de galinheiro” e “sem Natal para Cunha”. Enquanto a discussão acontecia no plenário, o mesmo grupo (formado por estudantes e militantes do MST) decidiu se manifestar no corredor com os gritos de “Fora Cunha, Fica Dilma” e “Não ao golpe”.

Aliados em ação – Deputados da “tropa de choque” de Cunha usaram o tempo para dizer que havia exageros no relatório de Fausto Pinato (PRB) e que o colegiado não poderia cometer “injustiças” contra o peemedebista. Um dos defensores de Cunha na sessão foi o suplente Carlos Marun (PMDB-MS), que disse que cassação era uma “pena de morte” para quem tem vida política. O peemedebista afirmou que truste não é conta bancária porque não tem “cartão de crédito, não tem talão de cheque” e “não paga conta”. “Se não pode pagar conta, não é conta, é um truste”, declarou.

Outro defensor de Cunha a fazer questão de usar a palavra e gastar tempo foi o suplente João Carlos Bacelar (PR-BA), que mencionou “injustiças” cometidas contra parlamentares, como o petista Professor Luizinho (SP). “Não poderemos cometer injustiça contra o deputado Eduardo Cunha”, pregou. O deputado André Fufuca (PEN-MA) chegou a citar Tiradentes ao defender o peemedebista. “Antes de qualquer história que essa Casa faça, que ela faça justiça”, disse.

Aliado de primeira hora de Cunha, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, disse que o governo tem interesse em convencer a sociedade que o corrupto do País é o peemedebista. “A culpa é do PT, da Dilma e do Lula. Eles que assaltaram o Brasil”, afirmou.

Coube ao líder do PSC, André Moura (SE), dizer que “ninguém pode ser condenado antes da hora” e que a presunção de inocência é prevista na Constituição. “Pela dúvida, não podemos acusar nem condenar ninguém”, destacou, condenando a “politização” do caso.

 

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