Acusado de desviar dinheiro de fiéis, padre Robson tinha romance com hacker que tentou extorqui-lo
Segundo decisão processual, religioso foi alvo de 5 extorsões e chegou a passar R$ 2,9 milhões da Afipe ao criminoso, o que deu início à investigação sobre desvio do dinheiro de doações
As investigações da Justiça, junto ao Ministério Público de Goiás, continuam apontando para um lado do padre Robson de Oliveira Pereira, famoso na TV brasileira, que os católicos não conheciam.
Uma decisão judicial revelou que o caso de desvio de dinheiro de fiéis foi descoberto a partir de outra investigação: extorsão que apontava para dois supostos casos amorosos do pároco que comandava a Basílica do Divino Pai Eterno em Trindade.
De acordo com informações do portal G1, a Polícia Civil começou a investigar casos ligados ao padre por meio de uma denúncia feita por ele mesmo, que estava sendo ameaçado por um hacker, que ameaçava expor o caso amoroso dos dois.
Em troca do arquivamento das mídias, ele pagou R$ 2,9 milhões a criminosos, dinheiro obtido por meio da Associação dos Filhos do Divino Pai Eterno (Afipe), entidade civil de Goiás criada por ele em 2004 e que vive de doações feitas por fiéis. Foi esse processo que desencadeou a operação que investiga desvio de doações.
O conteúdo usado por hackers para extorquir cifras milionárias do padre Robson, de 46 anos, continha mensagens, fotos e vídeos. Do montante de R$ 2,9 milhões, o MP afirma que a associação ficou no prejuízo em R$ 1,2 milhão, quase a metade da quantia.
Segundo a defesa do padre, o valor usado nos pagamentos foi recuperado e está depositado em conta judicial, aguardando liberação para retornar às contas da Afipe, associação que o padre fundou e presidia até pedir o afastamento, devido às investigações de desvio de dinheiro.
“Padre Robson foi vítima de extorsão, tendo buscado suporte da Polícia Civil, que monitorou as transações, e culminou na prisão dos extorsionários. Já houve sentença, e os criminosos foram punidos pelo Judiciário com severidade. Não havia qualquer conteúdo verídico como objeto das ameaças”, disse a defesa do sacerdote, ao G1.
O hacker teve ajuda de outras quatro pessoas, que, segundo a Justiça, participaram do esquema de chantagem, sendo condenadas com penas que variam de 9 a 16 anos de prisão, em 2019.
Relacionamentos
Um dos relacionamentos amorosos apontados pelo juiz Ricardo Prata na decisão seria com o próprio hacker que invadiu os celulares e e-mails do padre. O magistrado narra no documento que a informação foi realçada pelos hackers à época do processo de julgamento.
“Observa-se que os acusados foram responsáveis por transmitir as ameaças à pessoa da vítima [Robson], por meio de mensagens em aplicativos e e-mails. Nessas, disseram os acusados que a vítima possuiria relacionamento amoroso com diversas pessoas, inclusive com o próprio hacker”, diz o juiz no documento.
O documento do MP, obtido pelo G1, mostra um segundo romance usado no esquema da chantagem. Em depoimentos ao Ministério Público, um policial civil que estava na investigação e uma pessoa próxima ao padre disseram que os hackers encontraram uma foto dele com uma mulher, também do círculo de amizade do pároco, e uma conversa relatando situações amorosas.
“Ele [Robson] me mostrava [mensagens]. Um dos vídeos, vamos lá, um deles né, parece que era um vídeo gravando a tela de outro celular, onde tinha uma foto do padre com a [mulher] próximos um ao outro, e suposta troca de mensagens amorosas, né?”, relatou a pessoa ao MP.
O juiz Ricardo Prata afirma que as ameaças intimidaram padre Robson a ponto de ele efetuar pagamentos de expressivos valores para fazer a vontade dos chantagistas. Diante das extorsões, que duraram dois meses, o magistrado diz que “o padre se viu, por diversas ocasiões, incapaz de celebrar missas e continuar com o seu trabalho, por ter sido afetado pelos amedrontamentos para denegrir sua imagem pessoal e como sacerdote”.
O pagamento milionário ao hacker levantou suspeitas por parte do Ministério Público, que começou a investigar os gastos da Associação Filhos do Pai Eterno. Os promotores apuram se R$ 120 milhões doados por fiéis à entidade foram usados por padre Robson para comprar uma casa na praia, fazendas e outros itens de luxo.
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