Publicado em 27/01/2016 às 07h52.

Lava Jato mira offshore com triplex vizinho ao reservado a Lula

22ª etapa da operação mira em negócios da Bancoop para descobrir se offshore foi utilizada pela OAS, que reservou triplex para a família do ex-presidente no Guarujá, para lavagem de dinheiro

Folhapress
Praia de Astúrias, Guarujá-SP | Foto: Rubens Chaves/AE
Praia de Astúrias, Guarujá-SP | Foto: Rubens Chaves/AE

 

A 22ª fase da Operação Lava Jato tem como foco a empresa offshore Murray, sediada no Panamá, que detém a propriedade de um triplex no mesmo condomínio que a construtora OAS havia reservado um triplex para a família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula, na praia de Astúrias, no Guarujá.

A Folha apurou que essa etapa da operação mira em negócios da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo). O objetivo é descobrir se a offshore foi utilizada pela OAS para lavagem de dinheiro.

A Polícia Federal iniciou na manhã desta quarta-feira (27) mais uma fase da Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras. Estão sendo cumpridos seis mandados de prisão, dois de condução coercitiva e 15 de busca e apreensão.

As diligências ocorrem nas cidades de São Paulo, Santo André, São Bernardo e Joaçaba (SC). Os alvos são investigados que abriram empresas offshore e contas no exterior, além de terem ocultado patrimônio por intermédio de um empreendimento imobiliário.

Bancoop – Além dos procuradores da Lava Jato, a Promotoria de Justiça de São Paulo também apura os negócios da Bancoop.
O ex-presidente Lula é alvo de investigação sobre a legalidade da transferência de empreendimentos da cooperativa habitacional para a OAS em 2009.

A Promotoria apura também se a empreiteira usou apartamentos do prédio, localizado na praia de Astúrias, no Guarujá (SP), para lavar dinheiro ou beneficiar pessoas indevidamente.

A empreiteira OAS, que teve alguns de seus executivos condenados em uma sentença da Operação Lava Jato, pagou por reformas feitas em 2014 no triplex reservado à família de Lula. As modificações incluem a instalação de um elevador privativo.
Lula adquiriu em 2005 com sua mulher, Marisa Letícia, uma cota de participação da Bancoop, quitada em 2010, referente ao imóvel na planta.
Em 2009, o empreendimento foi assumido pela construtora OAS, que terminou a construção do edifício.
Ao disputar a reeleição em 2006, Lula informou à Justiça Eleitoral ter pago à Bancoop R$ 47.695,38 pelo apartamento. Corretores locais dizem que o imóvel vale R$ 1,5 milhão.

Entenda a Lava Jato – A Operação Lava Jato é a maior investigação sobre corrupção conduzida até hoje no Brasil. Ela começou investigando uma rede de doleiros que atuavam em vários Estados e descobriu a existência de um vasto esquema de corrupção na Petrobras, envolvendo políticos de vários partidos e as maiores empreiteiras do país.

Nos processos em andamento na Justiça, o Ministério Público Federal estima que R$ 2,1 bilhões foram desviados dos cofres da Petrobras, mas é possível que o valor do prejuízo seja muito maior.

No balanço de 2014, publicado com atraso em maio deste ano, a Petrobras estimou em R$ 6,1 bilhões as perdas provocadas pela corrupção. Para fazer essa estimativa, a estatal examinou todos os contratos com as empresas sob investigação e aplicou sobre o seu valor o porcentual de 3% indicado por Paulo Roberto Costa como a propina cobrada em sua área.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.