Após prisões, dirigentes aprovam reforma e criam ‘Nova Fifa’
Os dirigentes presos foram identificados como presidentes da Conmebol e da Concacaf
A Justiça Federal da Suíça identificou os dirigentes presos em uma operação, nesta quinta-feira (3), contra a corrupção como Alfredo Hawit, de Honduras, presidente em exercício da Concacaf, e Juan Angel Napout, do Paraguai, presidente da Conmebol.
Apesar das prisões de cartolas do futebol, a Fifa foi adiante com seus planos de reformas, as maiores em 111 anos de história. Um acordo entre dirigentes permitiu a criação de uma nova constituição para a entidade que, abalada por prisões e fuga dos patrocinadores, registrou o primeiro déficit em 14 anos, com um buraco de US$ 103 milhões em 2015.
Para reverter a crise financeira e restaurar a imagem da entidade, os executivos aprovaram uma reforma da organização. Pelo menos três multinacionais estariam dispostas a assinar um acordo com a Fifa. Mas querem garantias de que as mudanças vão ocorrer.
A refundação da Fifa não veio sem conflito interno. A proposta original, de Domenico Scala, tentou ser diluída por dirigentes asiáticos e por aliados de Joseph Blatter. A ideia de colocar limite a mandatos havia sido enterrada. Mas, pressionados pelos cartolas dos Estados Unidos e apoiados pela Conmebol, os integrantes do Comitê Executivo conseguiram avançar com a reforma.
“Sou contra. Mas se isso é o que precisa para restabelecer a imagem da Fifa, vou aceitar”, prometeu Ahmed Al Sabah, membro do Comitê Executivo e um dos homens mais fortes da entidade atualmente. “A prioridade é a imagem da Fifa.”
Enquanto os americanos sabiam que apenas uma reforma profunda poderia salvar a imagem do futebol nos EUA, na América do Sul a direção da Conmebol precisava dar um sinal de que a gestão precisaria mudar. Pelo menos sete dirigentes da região foram presos ou afastados, enquanto Marco Polo Del Nero segue evitando viagens para fora do Brasil.
Nesta quinta, o clima do encontro foi descrito como sendo “muito parecido a um enterro”, diante da prisão de Alfredo Hawit e Juan Ángel Napout, dois vice-presidentes da Fifa. A intenção da organização era de mostrar ao mundo que uma nova entidade estava sendo criada. Mas, uma vez mais, ela foi abalada por uma intervenção da polícia.
A meta era a de adotar medidas que estão sendo chamadas de “Anti-Havelange”. Ou seja, que desmontariam a estrutura de poder montada por anos pelo brasileiro, sem limites de mandatos e nem transparência. Os advogados estabeleceram uma nova constituição, justamente para afastar a entidade daquela estrutura que hoje passou a ser alvo de investigações.
O pacote adota ainda um limite de três mandatos para presidentes e executivos, o que significa que um dirigente pode ficar no máximo doze anos no poder. Na avaliação dos encarregados pelas reformas, ao limitar os mandatos, a Fifa estaria impedindo a formação de “clubes” dentro da entidade que controlariam decisões importantes.
O Comitê Executivo ainda será transformado em Conselho da Fifa e decisões técnicas sobre contratos passarão a ser examinadas por um grupo de especialista, justamente para evitar que influências políticas determinem a escolha de parceiros comerciais.
Outra decisão será a de publicar o salário do presidente e dos diretores. A meta é a de revelar o que de fato a Fifa paga a seus dirigentes e quanto vai para o futebol. Um grupo independente ainda vai fazer um “exame de integridade” em cada um dos novos membros do Conselho da Fifa para garantir que nenhum membro esteja sob suspeita m seus respectivos países.
Depois de ser aprovada nesta quinta, a reforma será colocada à votação para as 209 federações nacionais em fevereiro. Mas não deverá haver mudanças.
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